Carlos Panni – médico e escritor
Enquanto vivemos, convivemos. Quer com o outro, com a natureza ou conosco mesmos, mantemos um convívio diuturno nem sempre muito pacífico, consciente ou inconscientemente (Ah! O inconsciente mandão; dá o tapa e esconde a mão!)…
Isto nos alerta: – se queremos estar bem, precisamos estar em harmonia e equilíbrio com o interno e com o entorno.
Tem-se visto o quanto a natureza tem devolvido ao homem as agressões que o próprio homem lhe proporciona. No convívio consigo e com o outro a situação não é diferente. “Gentileza gera gentileza”, diz o ditado. A violência também! O descaso também! Também o abandono!
A lei de causa e efeito é uma das mais óbvias e imutáveis. Cedo ou tarde, de uma maneira ou de outra, as consequências dos nossos atos, positivas ou negativas, se farão sentir. Este não é “apenas” um conceito religioso, é também um paradigma da física, da química, da biologia e das demais ciências. Se há uma causa, haverá um efeito diretamente proporcional.
Independente das ilações sobre tsunamis, rompimentos de barragens, corrompidos e corruptores, a reflexão não precisa ir tão longe (longe???). Podemos refletir sobre nossas próprias convivências, a começar “de como eu convivo comigo mesmo?”. Ansiedade, culpa, raiva, medo, vergonha, inibição (…) são alguns sentimentos ou sensações, por vezes muito desagradáveis, que podem limitar enormemente nossas potencialidades e a qualidade de vida.
Digo “sim” quando precisaria dizer “não”. Digo “não” quando gostaria de dizer “sim”… e o conflito interno está instalado. Quem sempre diz “sim” para todo mundo, certamente estará dizendo um contínuo “não” para si. E a convivência consigo mesmo se torna cada vez mais desconfortável e menos gratificante. E se eu não me dou bem comigo mesmo, que perspectiva eu terei de me dar bem com o outro?
“Conhece-te a ti mesmo” exortavam os sábios e filósofos da Grécia antiga. Conhecer-se, amar-se, perdoar-se, privilegiar-se, sonhar e ir em busca da realização e da felicidade são ingredientes fundamentais para empreender, a partir daí, a jornada rumo a uma convivência salutar e construtiva com o outro, com a natureza e com o Criador (de uns e de outros).