Carlos Panni – médico e escritor
A viagem dos sonhos estava preste a acontecer… Conhecer o mundo: Roma, Paris, Nova Iorque e, do outro lado do planeta, Tóquio – com todo o seu mistério, misticismo e tecnologia de ponta…
Quantas viagens povoam nossa imaginação… conhecer cidades, países, costumes, vales e montanhas… falar outras línguas, desvendar mistérios, culturas exóticas, viver amores e sabores…
Viajar! Ah, viajar! Quem não sonhou, quem não sonha ainda?!
E as maravilhas do seu próprio interior, quem já desejou visitar?
Quem procurou conhecer as razões dos seus próprios costumes, quem decidiu seguir sua estrela guia, quem tomou a sábia decisão de ir ao encontro do maior de todos os amores – o amor próprio?
Quem tomou coragem para visitar e desbravar o outro lado do seu mundo – o exclusivo – o das emoções mais profundas, talvez obscuras e aparentemente indecifráveis, como o ódio, o rancor, o orgulho, o ciúme, a inveja, o medo… Da mesma forma, quem se atreveu a desvendar as grandes virtudes humanas e divinas, como a honra, a dignidade, o altruísmo, a solidariedade…???
A viagem ao interior de si mesmo é a prerrogativa maior para o autoconhecimento e a grande propulsora do aceitar-se, do amar-se e do crescimento – como ser uno, eterno e infinito – o homem holístico.
Geralmente, quando decidimos empreender esta escalada, às vezes íngreme, por vezes penosa, mas necessária para podermos sair da caverna escura e fria do nosso subconsciente, começamos por vasculhar nossa infância. Lá podem estar nossos grandes segredos escondidos pela vergonha ou encobertos pelo esquecimento ou pelos nossos mecanismos de defesa. Com verdadeiro interesse poderemos ter as maiores descobertas para nos conhecermos de fato. Só assim poderemos interagir e trabalhar nossos medos, frustrações, carências e distorções cognitivas e comportamentais…
É na mais tenra idade que estão a maioria dos motivos dos nossos complexos, traumas e alegrias. Lá estão os alicerces do nosso lado bom, bem como do que há de mais sombrio. De lá vem os componentes do “quem sou eu” – hoje. Se há uma viagem a ser empreendida no próximo ano, como investimento de vida, é a incursão ao interior de nós mesmos. Vale a pena chegar lá, mesmo à duras penas!