Prof. Saul Sastre
Diretor de Administração e Finanças do Daer
Doutorando em Administração
No livro “O Poder das Atitudes” cito uma crônica falando que o dia não tem mais 24 horas. O fenômeno da redução do tempo é fundamentado na teoria da “ressonância de Schumann”. Segundo o cientista, a terra é cercada por um campo eletromagnético que pulsa 7,38 vezes por segundo, a mesma frequência de nosso cérebro. A partir de 1980 essa frequência foi alterada para 11 pulsações por segundo e em seguida para 13, sem alterar nossa frequência cerebral. O fenômeno fez disparar a pulsação da terra, sendo a origem de diversos fenômenos de desequilíbrio ecológico e nos dando a sensação de que o tempo está correndo demais. Teoria ou não, ninguém nega que o tempo tem voado.
Hoje, temos a percepção de que o dia tem apenas 16 horas. Mal acordamos e começamos a fazer nossas atividades e já é meio dia. Almoçamos e quando nos damos conta já é final da tarde. Como diz Mário Quintana no seu poema “O tempo”: “Quando se vê, já são seis horas! Quando se vê, já é sexta-feira! Quando se vê, já é Natal! Quando se vê, já terminou o ano! Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida! Quando se vê, já se passaram 50 anos!”
Ironicamente o mesmo tempo que acelera, nos cobra mais resultados e para poder dar conta do que fazíamos “quando o dia era maior”, nos obrigamos a resolver várias coisas ao mesmo tempo. Iniciamos tomando café e lendo as notícias, ou escutando rádio, tomando café, enquanto nos dirigimos para o trabalho.
No trabalho, enquanto lemos e-mails, falamos com pessoas, tomamos decisões, atendemos celular e interagimos nas redes sociais. Até quando vamos no banheiro, tentamos encontrar uma maneira conciliar necessidades diversas com necessidades fisiológicas. Em casa, seguimos trabalhando, dividindo o labor com a atenção na família, escutando TV, lendo…. Fazendo tudo o que gostaríamos de fazer e não conseguimos durante o dia, até que vamos dormir e já está na hora de recomeçar a rotina.
Mas qual seria a alternativa para viver bem entre a teoria de aceleração do tempo de Schumann e as metas que assombram nossos dias? Penso que o segredo está na priorização das tarefas. De fato, não dá tempo para fazermos tudo, logo a única alternativa é estabelecer prioridades. Um bom começo é a família. Colocar a família no topo das prioridades é uma atitude inteligente e a partir daí tudo o que acontece é canalizado para o bem-estar dela.
A segunda prioridade recomendada é o trabalho. É preciso de dinheiro para fazer as coisas acontecerem, mas tudo com equilíbrio. Depois disso, a terceira prioridade é a carreira e dentro desse quesito vale todo o esforço para crescer e se desenvolver.
E o maior de todos os segredos para aproveitar bem esse acelerado tempo, é ter uma visão de longo prazo da vida. Não precisa ser muito, em dez anos se faz muita coisa e se transforma realidades. Mas não podemos esquecer do poema de Mário Quintana, que termina assim: “Não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo. Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz. A única falta que terá, será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará. ”