Mudança na alimentação é apontada como uma das medidas mais importantes de prevenção ao câncer, dizem pesquisas científicas.
Estudos científicos acumulados ao longo dos últimos anos identificaram uma série de alimentos que teriam propriedades anticancerígenas potentes. Confira quais são e como consumi-los:
Crucíferas (couve, couve-flor, brócolis, repolho)
A ingestão regular de crucíferas, especialmente couve e brócolis, foi relacionada em diversos estudos à queda na incidência de câncer. Uma dessas pesquisas, feita com 5 mil mulheres suecas, apontou que o consumo de uma ou duas porções diárias está associado a um risco 40% menor de câncer de mama. Tumores de bexiga, pulmão, estômago, cólon, reto e próstata também poderiam ser evitados. O poder preventivo viria da abundância de moléculas fitoquímicas capazes de eliminar substâncias tóxicas que induzem câncer.
Como consumir: Para evitar a perda de componentes anticancerígenos, recomenda-se o cozimento rápido no vapor, e não em água. Uma boa mastigação favorece a liberação das substâncias benignas.
Família do alho (alho, cebola, alho-poró e cebolinha)
O alho é usado há milênios para tratar infecções e outros problemas de saúde. Seus efeitos antibactericidas foram comprovados no século 19, por Louis Pasteur. O alho e a cebola teriam um papel relevante na prevenção de tumores do aparelho digestivo. Segundo alguns estudos, populações com baixa ingestão dos dois alimentos têm risco triplicado de desenvolver câncer de estômago. No alho, foram estudadas duas dezenas de compostos com potencial anticancerígeno. O mais importante seria a alicina, a que se atribui a capacidade de inibir mutações no DNA e de impedir o crescimento de células cancerosas.
Como consumir: A recomendação é amassar o alho, para liberar as moléculas ativas, e consumi-lo em seguida. Diluí-lo em azeite de oliva melhora a absorção.
Soja (em grão, torrada ou na forma de tofu)
O consumo diário de soja é de 65 gramas por pessoa no Japão e de 40 gramas na China. No Ocidente, fica em um grama. Atribui-se a essa diferença o fato de os cânceres que mais matam os ocidentais, de próstata e de mama, serem incomuns no Oriente. A soja é rica em proteínas, ácidos graxos essenciais, vitaminas, fibras e minerais. O principal composto associado à prevenção do câncer são as isoflavonas, às quais se atribui um papel inibidor do crescimento de células cancerígenas e de bloqueio à formação dos novos vasos sanguíneos de que o câncer precisa para se desenvolver.
Como consumir: A soja pode ser ingerida na forma de grãos, de farinha, torrada ou como tofu.
Ômega-3 (peixes, linhaça, azeitonas, azeite de oliva)
O ácidos graxos ômega-3 são gorduras do bem. Essenciais para o organismo, desapareceram da dieta. Acredita-se que esse desequilíbrio tenha repercussão no desenvolvimento de diferentes doenças, incluindo o câncer. O ômega-6 favoreceria estados inflamatórios, enquanto o ômega-3 teria um efeito oposto. Estudos relacionaram a gordura do bem a uma menor incidência de tumores de mama, cólon, próstata e pâncreas, a maior eficácia da quimioterapia e a redução de metástases.
Como consumir: Peixes como sardinha, enchova, cavala e salmão têm boa quantidade de ômega-3. Duas porções por semana reduzem o risco de câncer. Usar azeite de oliva do virgem no preparo de diferentes pratos ou como tempero é outra boa opção. No caso da linhaça, recomenda-se moê-la e adicioná-la aos cereais ou ao iogurte.
Frutas vermelhas (morango, framboesa, amora, mirtilo, cereja)
Morango e framboesa dispõem em grande quantidade de uma molécula conhecida como ácido elágico, que estudos com animais e células cancerosas identificaram como anticancerígena. O ácido elágico preveniria a ativação de substâncias que causam mutações no DNA e evitaria a formação de novos vasos sanguíneos. Também aumentaria a capacidade das células de se proteger de agressões tóxicas. No mirtilos, encontram-se antocianidinas, antioxidantes que também bloqueariam a formação dos vasos sanguíneos necessária ao crescimento de tumores.
Como consumir: É sugerida a ingestão frequente de frutas vermelhas, na forma natural ou adicionadas a iogurtes e cereais. É preciso ter cautela, no entato, com os sucos industrializados.
Cúrcuma (açafrão, curry)
O cúrcuma é o tempero conhecido como açafrão. É amplamente usado na Índia, com consumo diário de 1,5 a 2 gramas. Atribui-se a ele a diferença brutal de incidência de câncer entre indianos e ocidentais. Em comparação com os americanos, a população da Índia tem quase quatro vezes menos casos da doença (excluindo o câncer de pele). A incidência é 6,5 vezes menor no câncer de pulmão, oito vezes no cólon e no útero, 11 vezes no rim e 20 vezes na próstata. Segundo as pesquisas, a curcumina é anti-inflamatória, favorece a morte de células cancerosas e inibe a formação de novos vasos sanguíneos que alimentam o tumor.
Como consumir: A curcumina apresenta uma baixa taxa de absorção pelo organismo, mas existe uma molécula na pimenta-do-reino capaz de multiplicá-la em mais de mil vezes. Por isso deve-se usar os dois temperos em conjunto (o que tradicionalmente é feito no molho curry), acrescentando-os como tempero aos mais diferentes pratos e molhos.
Tomate
O tomate é rico em uma molécula chamada licopeno, cujo mecanismo de ação é pouco conhecido, mas com impacto na prevenção do câncer. O tomate é associado principalmente à prevenção do câncer de próstata. Nos países onde é mais consumido, esse tipo de câncer incide bem menos. Há alguns estudos mostrando que a ingestão em doses elevadas evita aparecimento da doença, principalmente em suas formas mais agressivas. Além do licopeno, o tomate teria outros nutrientes anticâncer.
Como consumir: O tomate cozido é o mais indicado, porque o calor do cozimento permite uma melhor extração do licopeno e torna-o mais assimilável pelo organismo. Na massa de tomate há 29 mg de licopeno por cada 100g, enquanto no tomate cru são apenas 3 mg. A absorção é melhor com azeite de oliva.
Cítricos (laranja, limão, toranja, tangerina)
Os cítricos contêm uma série de componentes fitoquímicos aos quais se atribui ação anticâncer. São os únicos vegetais a contar com grandes quantidades de flavanonas, moléculas com propriedades anti-inflamatórias, que poderiam atuar na prevenção do câncer. Os estudos apontaram que a relação entre o consumo de cítricos e a prevenção do câncer é mais evidente no caso de tumores do trato digestivo (esôfago, boca, laringe, faringe, estômago), com redução da ordem de 40% a 50%. Outros trabalhos sugerem benefícios na prevenção a outros tipos de câncer. Acredita-se que polifenóis e terpenos presentes nos cítricos atuariam diretamente sobre células cancerosas, bloqueando sua reprodução.
Como consumir: Todos os dias, inteiros ou na forma de suco. A casca ralada pode ser polvilhada nos molhos de salada, nos cereais, na salada de fruta ou no chá.
Chocolate amargo
O componente mais interessante do chocolate são certos polifenóis presentes no cacau, considerados antioxidantes. Uma xícara de chocolate preto possui atividade antioxidante três vezes superior à do chá verde. O efeito dos polifenóis se perde quando o chocolate é misturado com leite. Os estudos são incipientes, mas acredita-se que o consumo de chocolate possa estar associado à prevenção do câncer. Suas propriedades seriam o retardo no crescimento de células cancerosas e o bloqueio da formação de novos vasos sanguíneos para o tumor.
Como consumir: Recomenda-se um consumo moderado, de 20 a 40 gramas diárias. O chocolate deve ser amargo, com ao menos 70% de cacau. A mistura do chocolate ao leite anula os efeitos benéficos.