Texto por Carlos Panni – médico e escritor
Epiteto, filósofo grego, já em priscas eras, nos alertava sobre esta verdade instigante: “Mais importante para o homem não são os fatos, mas a interpretação que for dada a eles”.
Esta assertiva nos coloca frente a frente com as “nossas” verdades em relação às verdades alheias. Os fatos podem ser os mesmos, mas as interpretações variam de um indivíduo para o outro. Um ditado bem popular diz, sem tanta erudição, mais ou menos a mesma coisa: “Cada cabeça, uma sentença!”. Pois, segundo as estatísticas, já ultrapassamos os sete bilhões de pessoas habitando nosso planeta e, por conseguinte, igual número de interpretações, conjecturas e sentenças.
Mas, o que isto interessa?
Interessa, e muito, no discernimento que precisamos ter ao interpretar e julgar as pessoas e os fatos que nos rodeiam. Uma rápida olhadela será suficiente para constatarmos que a maioria das crises conjugais, familiares, sociais, profissionais, políticas e religiosas tem origem em interpretações e julgamentos precipitados, tendenciosos e distorcidos sobre fatos corriqueiros.
Infelizmente, temos a tendência de enxergarmos os fatos, a priori, conforme “a cor das lentes que cobrem os olhos da mente”. Lentes que podem estar escuras, embaçadas e distorcidas pelos nossos traumas, tabus, preconceitos e carências pessoais, gerando interpretações, pensamentos, sentimentos e atitudes que deterioram nossos relacionamentos com os outros e conosco mesmos…
Muitos dos conflitos e sofrimentos, nossos e dos nossos próximos, entre eles os mais próximos, como cônjuge e família, poderiam ser evitados ou sanados se pudéssemos questionar os fatos e buscar explicações alternativas. Esclarecer com equidade e flexibilidade é fundamental para uma interpretação mais adequada, um julgamento mais justo e melhorar a qualidade de vida!!!