A primeira vacina quadrivalente contra a gripe aprovada para bebês a partir dos seis meses de idade já está disponível nas clínicas privadas de todo o País. Batizada de Fluquadri, o imunizante da Sanofi Pasteur oferece proteção mais ampla à população com uma linhagem de vírus B a mais que a opção tradicional disponível atualmente no SUS (Sistema Único de Saúde). A nova vacina está à disposição em clínicas de vacinação privadas do Brasil por cerca de R$ 120, 20% a mais do que a versão trivalente. Até o momento, a única vacina que combate os quatro principais tipos de vírus influenza só estava aprovada para crianças a partir dos três anos e também está fora da cobertura do SUS.
Na campanha nacional contra a gripe, que começou no início de abril, o governo oferece a vacina trivalente, que protege contra três subtipos do vírus da gripe (A/H1N1; A/H3N2 e influenza B). Porém, podem ser vacinadas na rede pública apenas crianças de seis meses a cinco anos, idosos, profissionais de saúde, gestantes, mulheres até 45 dias após o parto, índios, doentes crônicos e funcionários do sistema prisional.
Apesar de haver diferença entre as versões trivalente e quadrivalente, o pediatra Marco Aurélio Sáfadi, chefe do departamento de Pediatria da Santa Casa de São Paulo, enfatiza que todas são igualmente eficazes. ”Não importa se a pessoa vai tomar a vacina disponível no SUS ou a da rede privada, o mais importante é se vacinar todos os anos. Ambas vão proteger o indivíduo contra os principais vírus da gripe”, explica.
Para aquelas pessoas que são contra a imunização por acharem que a vacina causa gripe, o médico é enfático. “É impossível contrair gripe por causa da vacina porque ela é produzida com vírus ‘morto’ e inativo. No entanto, é importante lembrar que a vacina só começa a funcionar depois de 15 dias e isso significa que durante esse período a pessoa estará desprotegida. Além disso, a vacina não oferece proteção contra resfriado e as pessoas costumam confundir as doenças”, revela.
Entenda mais sobre a gripe
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a gripe foi responsável por 326 mortes no Brasil em 2014. No mundo, estima-se que ocorram cinco milhões de casos graves por ano, com 250 a 500 mil mortes. Como o vírus influenza é altamente contagioso, cada vez que uma criança fica gripada, é comum pais, irmãos e pessoas próximas também adoecerem, explica o pediatra.
Sáfadi acrescenta que as crianças começam a “passar gripe” um dia antes do início dos sintomas. Ele também avisa que as gestantes fazem parte do grupo prioritário para a vacinação, “pelo maior risco de desenvolver complicações e pela transferência de anticorpos ao bebê que fica imune contra a doença nos primeiros meses de vida”, declara.
Além de todos esses fatores que justificam tomar a vacina, a infectologista Nancy Bellei, professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), lembra que a gripe reduz até 40% da produtividade. “Os sintomas podem afetar significativamente a rotina de todos, reduzindo produtividade, além de aumentar a chance de contágio, hospitalização e afastamento do trabalho”, revela.
Evolução da vacina
O vírus influenza circula anualmente no mundo inteiro e causa infecção respiratória com diferentes níveis de gravidade em todas as faixas etárias. Como os vírus sofrem mutações frequentes e podem circular com cepas diferentes dos anos anteriores, as vacinas também precisam evoluir, explica a pediatra Lúcia Bricks, diretora médica da Sanofi Pasteur. “Como no passado já tivemos vacinas monovalentes e bivalentes, a tendência com o passar dos anos é só haver a produção de vacinas quadrivalentes. Por enquanto ela não está disponível no SUS, mas esse é o nosso desejo”, diz.
Sobre a contraindicação, a regra é a mesma para as vacinas influenza tri ou quadrivalentes: não devem receber a imunização somente indivíduos com reação de hipersensibilidade do tipo anafilática ao ovo.