Enquanto algumas doenças manifestam os sintomas a tempo de o paciente iniciar um tratamento, outras se desenvolvem de maneira sorrateira, causando danos irreversíveis antes mesmo de o paciente identificar algum sintoma. O glaucoma, por exemplo, faz parte desse grupo. A doença ainda é a principal causa de cegueira irreversível no país – com mais de um milhão de casos registrados – justamente por ser progressiva e silenciosa.
O glaucoma já atingiu cerca de 2% dos brasileiros acima do 40 anos de idade, cujas manifestações acontecem por meio de lesões do nervo ótico, principalmente em função de um aumento da pressão intraocular. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), existem aproximadamente 65 milhões de glaucomatosos em todo o mundo, e a cada ano surgem mais 2,4 milhões de novos portadores da doença.
No início muitas pessoas só conseguem notar a doença quando o problema atinge estado crítico, com a perda da visão periférica. Depois disso, o paciente pode ficar cego, caso não conte com nenhum tipo de tratamento. Os casos de glaucoma agudo – outro tipo da doença – o paciente costuma sentir fortes dores de cabeça, fotofobia, enjoo e dor ocular intensa.
O diagnóstico precoce da doença só pode ser obtido por meio de exames oftalmológicos de rotina. Por isso, o recomendado é que pessoas a partir dos 35 anos já procurem um oftalmologista para fazer check-ups regulares. Diabéticos, pessoas negras com mais de 30 anos de idade, usuários de corticoides, míopes, pacientes que já sofreram alguma lesão ocular e indivíduos com pressão intraocular elevada também fazem parte deste grupo de risco.
O histórico familiar também é muito importante para o diagnóstico da doença. Afinal, cerca de 6% das pessoas com glaucoma têm ou já tiveram algum outro caso na família. Em um primeiro momento, o tratamento da doença é clínico, à base de colírios, ou com medicamentos de via oral. Para pacientes em casos mais sérios a recomendação é tratamento cirúrgico.
Hábitos que podem agravar a doença
Diagnóstico tardio – O glaucoma de ângulo aberto, considerado crônico, corresponde a 80% dos casos. A parte complicada é que muitas pessoas não percebem os sintomas até o início da perda da visão.
Estresse – Outro tipo de glaucoma, menos incidente, é o de ângulo fechado, porém é mais fácil de ser diagnosticado. Uma das principais causas dessa lesão é o estresse. Sendo assim, as pessoas que têm glaucoma devem controlar os níveis e estresse, uma vez que as crises podem levar a danificação do nervo óptico, causando a perda de visão.
Falta de exercícios – O exercício melhora a aptidão cardiovascular, favorecendo a irrigação sanguínea do nervo óptico. Além disso, a prática faz diminuir a produção do humor aquoso e ajuda na drenagem do líquido.
Uso incorreto dos colírios – Os colírios devem ser utilizados da maneira prescrita pelo médico, respeitando os horários, os intervalos entre um colírio e outro e aplicando da forma correta.
Falta de conscientização do paciente – O glaucoma é uma doença crônica, portanto não tem cura, mas pode ser controlado. A realização de exames como a medida da pressão, do campo visual e o mapeamento de retina são fundamentais para evitar as complicações.
Hipertensão e diabetes – Recente estudo faz um alerta quanto a relação de hipertensão e diabetes a um maior risco de glaucoma. De acordo com os pesquisadores, quando há hipertensão arterial a chance é maior em 17%. Mas, quando ambas condições estão presentes, a probabilidade de desenvolver glaucoma é de 48%.