Prof. Saul Sastre
Diretor de Administração e Finanças do Daer
Doutorando em Administração
O Brasil vive um cenário de pessimismo. Pessimismo é saber da realidade sem se enganar e acreditar que tudo vai piorar. Otimismo, ao contrário, é saber entender a realidade difícil, mas acreditar que, em um futuro próximo tudo vai melhorar. Por aqui a frase da moda é: “2015 está perdido e 2016 talvez…”
É sabido que todo esse pessimismo é oriundo de um cenário Federal instável e enquanto continuar essa instabilidade, ninguém investirá no Brasil, nem mesmo os brasileiros. Os bancos estão esperando entender as regras de um jogo que muda a todo o momento. Até os que estão para se aposentar, entraram nessa e agora não sabem o que fazer. Se houver o fim do fator previdenciário, mudam as regras do jogo. Vai passar pelo Senado? E se passar, a presidente vai vetar? E se derrubarem o veto? Como ficará?
Como ser otimista com um governo federal, que cometeu muitos erros é verdade, mas que está açodado por um Senado e uma Câmara, que gosta muito de mídia? E a polícia Federal, o Judiciário e a promotoria? Estão cumprindo seus papéis, lutando arduamente pelo fim da corrupção do Brasil. Assusta quando se lê que o delegado Federal, Igor Romário de Paula, coordenador da Força Tarefa da Operação Lava Jato, afirma em mídia Estadual “Não consigo ver o fim da operação”. Com essa frase, podemos imaginar que todos os setores econômicos e partidos políticos, passarão por um “pente fino”. Com a cadeia iminente, muita coisa irá mudar nas relações entre a política e a economia. E com isso, como ficam as eleições do ano que vem? Quem de sã consciência irá doar dinheiro para as campanhas, correndo o risco de ser confundido com um “pagador de propina”?
Há os que querem impeachment… Um fora Dilma agora, seria desastroso para o país. O que é bom para nossa economia é a estabilidade e com isso, a volta do otimismo e o crescimento. Porém, se ficar provado que as doações da campanha do ano passado, foram oriundas da corrupção, será muito provável que tenhamos eleições para presidente em 2016.
Mas o empreendedor brasileiro nunca desiste. Digamos que tudo isso seja uma forma de dar uma depurada no mercado. A lei de Darwin no mundo da gestão. Confesso que tenho estudado Gurus e diversos pensadores, para obter uma luz e trazer uma, ou algumas palavras de otimismo. O fato é: Todos teremos que nos reinventar para sobreviver e quem não fizer isso, sairá do mercado.
Recentemente Ram Charam, guru Indiano, professor de Harvard, autor de 15 best sellers, lançado em diversos idiomas, falou sobre como trabalhar em um cenário de incertezas e deu algumas dicas, aos quais faço algumas citações:
1) Uma das grandes provas da liderança é saber trabalhar em cenários adversos. Cabe ao líder promover a mudança, cultivar uma equipe resiliente e todos tem que entender que se da forma que está não está dando certo, devemos então mudá-la, até acertar.
2) A aposta não é no País, mas nas pessoas que fazem o País. Os líderes, se forem capazes de se unirem, tem o poder de transpor qualquer nuvem escura.
3) A resiliência (habilidade de enxergar oportunidades nas adversidades) parte da união de todos, através de contatos mais próximos, leituras de cenários e crença em dias melhores.
4) Em momentos de muita instabilidade, como o caso do cenário brasileiro, é importante olhar para dentro de cada setor da economia. Da agricultura, da indústria, dos serviços e buscar dentro disso, uma forma de ajudar o país.
Ram Charam termina falando um pouco do Brasil. Choca quando ele diz que “é perda de tempo, às pessoas saírem as ruas, pedindo uma mudança de governo. Não é momento de se lamentar. É preciso baixar a cabeça e trabalhar, melhorar os setores, principalmente a indústria que está em declínio. A primeira coisa que deve ser feita é injetar otimismo na economia e assim as coisas começarão a mudar para muito melhor”.
Difícil seu Charam, mas possível para um povo brasileiro resiliente, que nunca desiste. Como foi dito, teremos muitas mudanças e só terá futuro quem mudar no presente.
Charam dá algumas dicas para vencer em cenários desafiadores:
1) Identificar tendências, ver o mundo sob outro prisma, mantendo contato com pessoas e organizações diferentes;
2) Definir prioridades ao invés de tentar fazer tudo ao mesmo tempo;
3) Colocar pessoas certas nas funções certas;
4) Planejar, conectando pessoas, estratégia e orçamento;
5) Medir constantemente o desempenho, sempre de olho na correção das causas;
6) Capacitar, capacitar e capacitar para obter excelência.