Texto por Denise de Oliveira Milbradt | Foto Divulgação
A busca frenética pela magreza, cobrada por uma sociedade em que o padrão de beleza faz com que mexa cada vez menos os ponteiros das balanças, deixar de comer pode ser um pecado mortal. Na lista dos alimentos banidos do cardápio está o açúcar, que na sua falta, causa o que chamamos de hipoglicemia. A doença também vitima os diabéticos, que precisam controlar, permanentemente, a taxa de glicose no sangue.
Ana Luiza Mosmann é um caso clássico da doença. Desde criança carregava quilos a mais do que desejava. Esnobada pelos colegas de escola na adolescência, aderiu a todos os tipos de dietas que tivera acesso, esquecendo-se das consequências para a sua saúde. O primeiro susto veio quando estava no banco com a mãe: tremores de frio num dia escaldante, palidez e, por fim, o desmaio. No diagnóstico médico a descoberta da hipoglicemia.
Hipoglicemia é um distúrbio provocado pela baixa concentração de glicose no sangue, que pode afetar pessoas portadoras ou não de diabetes. A glicose é o combustível obrigatório para o adequado funcionamento do cérebro, além dos demais órgãos e tecidos do corpo. Os seus níveis na corrente sanguínea são controlados de forma rigorosa pela secreção de hormônios, que induzem a retenção ou a liberação pelas células responsáveis pelo armazenamento de glicose, especialmente nas células do fígado. A sua falta, ou baixa no organismo, causa tontura, sudorese, taquicardia, apreensão, tremor, fraqueza, dor de cabeça, confusão mental e, em casos mais graves, coma e convulsão.
De acordo com o médico de família Marcelo Pellizzaro as pessoas que apresentarem quedas frequentes dos níveis glicêmicos, antes de tudo, devem buscar a sua causa com o auxílio de um médico. Segundo ele, grande parte dos casos é em função do uso prolongado de medicamentos para controle de diabetes (os chamados hipoglicemiantes). O uso inadequado de álcool e dietas sem as devidas recomendações médicas e nutricionais são outros agravantes.
Existem dois tipos principais de hipoglicemia: a de jejum e a pós-prandial, ou reativa, que ocorre depois das refeições. A hipoglicemia pós-prandial ou reativa ocorre por volta de três a cinco horas depois das refeições, como resultado do desequilíbrio entre os níveis de glicose e de insulina no sangue. Em geral, ela se manifesta em pessoas predispostas depois da ingestão de alimentos ricos em açúcar e nos pacientes submetidos à cirurgia do estômago, ou em fase inicial da resistência à insulina.
Já, entre as causas da hipoglicemia de jejum destacam-se: produção exagerada de insulina pelo pâncreas; medicamentos utilizados no tratamento de diabetes; insuficiência hepática, cardíaca ou renal; tumores pancreáticos; consumo de álcool e deficiência dos hormônios que ajudam a liberar glicogênio.
O tratamento da hipoglicemia está diretamente associado à causa do distúrbio. A retirada cirúrgica de tumores, a abstinência de álcool em jejum, um novo esquema medicamentoso, por exemplo, são formas diferentes de solucionar o problema. Quanto à hipoglicemia reativa, o melhor é prevenir as crises.
Uma vez instalada a crise hipoglicêmica, o paciente deve tomar um copo de suco de laranja, ou de refrigerante não dietético, ou meio copo de água adoçada com uma colher de açúcar, ou chupar balas para repor os níveis de glicose. O efeito será mais rápido se esses alimentos forem ingeridos junto com carboidratos de longa duração, como pães, pipocas, biscoitos, etc. Se o nível de consciência estiver comprometido, o paciente deve ser encaminhado para atendimento médico, a fim de receber a medicação adequada.
O que fazer para evitar a hipoglicemia?
•Evitar períodos prolongados em jejum, fazendo intervalos regulares entre as refeições (comer de três em três horas), mantendo o hábito de até seis refeições ao dia.
•Não abusar da ingestão de bebidas alcoólicas.
•Antes de realizar qualquer atividade física, alimente-se. Sem exageros para não causar desconfortos desnecessários, mas nunca faça exercícios físicos com o estômago vazio. E evite práticas extenuantes.
•Após as atividades físicas, reponha as perdas, comendo por exemplo uma fruta.
•No caso de hipoglicemia reativa, evite a ingestão de carboidratos simples (açúcar branco, farinha branca, doces), dando preferência para os carboidratos complexos (arroz integral, farinha integral) ou associação de carboidratos com gorduras ou proteínas (pão com manteiga e não pão puro), que demoram mais para serem absorvidos.
Causas
•Consumo exagerado de bebidas alcoólicas.
•Jejum prolongado (é mais frequente em jejuns com mais de 72 horas de duração).
•Esforço físico excessivo (os músculos consomem a glicose circulante e os neurônios ficam sem obter energia de maneira adequada).
•Uso de alguns medicamentos como insulina e hipoglicemiantes orais são os que mais causamhipoglicemia, mas ela pode ocorrer com a ingestão de aspirina, anti-inflamatórios, beta-bloqueadores (por exemplo , o Propranolol) e alguns antibióticos.
•Hipoglicemia reativa (ocorre 1 a 3 horas após as refeições, por rápida absorção dos carboidratos).
•Tumores produtores de insulina (muito raros, mas precisam ser pesquisados em alguns casos).