Texto por Prof. Saul Sastre – Diretor de Administração e Finanças do Daer -Doutorando em Administração
Dave Anderson, no livro “A fé nos negócios” (ed. Sextante), afirma que um cargo não faz um líder, ele simplesmente oferece a oportunidade de se transformar em um e ainda vai mais longe quando também afirma que não se passa automaticamente a ter seguidores, apenas subordinados.
Enquanto lia o livro, lembrava da história do meu amigo Antônio (pelo menos podemos chamá-lo assim), quando assumiu pela primeira vez um cargo de liderança.
Havia começado como auxiliar em uma pequena empresa, mas sempre que podia dava sugestões que contribuíam com a melhoria da produtividade. De tanto que deu palpite e de tanto que se esforçou para aprender a operar máquinas e de tanto que foi assertivo nas suas observações, acabou sendo promovido. Seu salário melhorou e ele ficou mais feliz. No fundo gostava muito do que fazia e não parou por ai, seguiu com suas contribuições e o tempo o promoveu para líder da produção, com o apoio de seus colegas de trabalho.
O segredo de Antônio foi que assumiu as características de um líder, muito antes de ocupar a posição de liderança, fato natural que ocorre nas organizações, mas que muita gente acha que é ao contrário. A maioria das pessoas pensam que para ser líder é preciso ter um cargo de liderança. O que ocorre, como diz Anderson, é que nem todos os detentores de cargos são líderes, muitos são chefes, mestres na cultura da intimidação e do medo, rodeados de subordinados, ávidos na torcida para que perca o cargo (ou talvez morra…) para tomar seu lugar.
Um líder tem seguidores, que são subordinados que com o tempo fazem dos seus exemplos uma inspiração. Um líder não pratica o medo com seus liderados, mas sim os inspira para darem o seu melhor e assim como eles, seguem se desenvolvendo e se aprimorando, sempre.
Antônio continuou a trabalhar naquela pequena empresa, que já não era mais tão pequena assim. Com o tempo passou a administrá-la e depois de muitos anos assumiu a direção. Muitas pessoas passaram por ele, algumas aproveitaram os ensinamentos, mas muitas acabaram se perdendo em outros caminhos. Antônio me ensinou que, muito antes de sermos líderes, devemos nos comportar como tal e que a obrigação de um líder é se desenvolver e também inspirar a todos que o rodeiam a se superar a cada dia.