| Eveline Juswiak
Psicóloga – CRP 07/20725
Em setembro é veiculada uma campanha em prol da prevenção do suicídio. Talvez você só entre em contato com esse tema nesse mês, por tamanha divulgação que cada ano é feita. Para nós que trabalhamos com saúde mental, lidamos com esse tema com mais frequência do que gostaríamos. Digo isso, pois não é uma tarefa fácil auxiliar pessoas que não encontram mais sentido em viver.
Muitas vezes essas pessoas só chegam até um profissional da saúde mental quando o quadro está extremamente grave. E, infelizmente, esse quadro se agrava, muitas vezes, pela falta de compreensão das pessoas que estão em volta. Você conhece alguém que está desistindo da vida? Alguém que já falou em morrer? Alguém que já tentou suicídio?
É possível que conheça e talvez nem saiba! Existem alguns mitos que precisam ser desconstruídos, dentre eles o “quem avisa não se mata” e “quem quer se matar não tenta, faz”.
O primeiro mito propõe uma ideia de que, então, essa pessoa não vai pedir ajuda. Precisamos entender que essa pessoa está dando muitos sinais de que está desistindo, e saiba que falar dessa vontade é algo muito difícil para ela. Se alguém te falar que quer morrer acolha, não dizendo que ela não precisa se sentir assim, mas dizendo que ela é importante pra ti e que você quer ajudar ela.
Muitas vezes as pessoas deixam de falar dessa vontade, pois não são compreendidas, acolhidas, e sim são julgadas, como se não tivessem motivos para fazerem isso. Pode ser que, aparentemente, não faça sentido pra ti, mas saiba que a dor dessa pessoa é tão grande que ela prefere morrer. E ela não escolheu sentir tudo isso!
O segundo mito diz que as pessoas que tentam e não conseguem, não querem de verdade morrer, estão querendo “chamar a atenção”. De fato: ela não quer morrer e quer chamar a atenção! Ela na verdade quer acabar com a dor que se tornou insuportável, e essa tentativa é sim um pedido de socorro. Ela está chamando a atenção das pessoas para ser ajudada. Então saiba: quem tenta suicídio, um dia consegue (caso não receba a ajuda necessária).
Eu sei, é um tema difícil, pesado, e muitas vezes não queremos pensar que as pessoas podem chegar nessa situação. Mas se estivermos dispostos a ouvir e falar sobre isso, essas pessoas sentirão mais vontade de se abrir sobre o assunto e, assim, poderemos ajudá-las a enfrentar isso e a construírem uma vida com mais sentido.
Você pode salvar uma vida!
E lembre-se: teu apoio é extremamente importante, mas você não deve carregar isso sozinho, ajude a pessoa a buscar um profissional para avaliar e intervir de uma maneira mais efetiva e técnica.