| Elvis Valcarenghi
Secretária Municipal de Cachoeirinha de Planejamento e Captação de Recursos
Gostaria de destacar uma característica em comum das duas ocupações mencionadas no título deste artigo. Tanto uma como a outra, ao imaginarmos, nos reportam sucesso, fama, dinheiro, que proporciona viagens, boas companhias e uma grande rede de relacionamentos que por si proporcionam mais fama, dinheiro e sucesso numa engrenagem “hi society” em que todos são felizes e saudáveis. Imagino uma adolescente que irá apresentar o namorado ao Pai no churrasco de domingo:
O Pai pergunta: “Ele faz o que da vida Minha filha?”
A filha Responde, orgulhosa: “Ele é Jogador de Futebol” ou “Ele é Empresário”.
Muito longe da ideia por trás da nomenclatura da profissão há uma dura realidade para a grande maioria dos profissionais que atuam nestas áreas. Um levantamento realizado pela CBF em 2016 aponta que 82% dos jogadores profissionais ganham até 1 salário mínimo e que no máximo 1% dos atletas ganham salários maiores do que R$100.000,00. A realidade para os empresários não é diferente. Ainda assim as empresas de pequeno porte são responsáveis por quase 80% das vagas de trabalho, considerando-se nesta soma o trabalho do próprio empresário. No mês de Fevereiro de 2019 72% das vagas foram preenchidas por pequenos negócios. A tenacidade, a disciplina e o empreendedorismo são características comuns a esses heróis que se equilibram num cenário econômico perverso que desestimula a iniciativa privada, geradora de emprego. Muitas vezes o empreendedor não encontra nos empregos formais uma modelagem que lhe remunere ou lhe satisfaça em sua capacidade laborativa-intelectual. Nestes casos ele praticamente cria um emprego para si mesmo e faz de tudo para nao se auto-demitir. Então, fora o glamour fictício, a realidade da grande maioria dos empreendedores, proprietários de empresas ou até empresários individuais é de frequente esforço. Nestes últimos anos em que a crise castigou a economia muitos empreendedores tiveram que se desfazer de seus ativos, às vezes adquiridos com muito suor, para se manter de portas abertas além de abrir mão, por óbvio, de seu conforto pessoal, se é que existia.
Os desafios são quase intransponíveis. Uma matriz fiscal extremamente complexa, a frequente evolução tecnológica e a cultura intrínseca de achar que empresário pertence a uma classe privilegiada e que não precisa de políticas de incentivo. Falta a nós empreendedores participar mais ativamente da Política partidária e tentar ocupar espaços que possibilitem a criação de mecanismos que permitam fortalecer o desenvolvimento econômico.