| Rosane Castro
Escritora e Narradora de Histórias
Quantas boas notícias você recebe diariamente? Quantas boas notícias você distribui? Essas perguntas podem fazer a diferença na hora de avaliarmos na balança do tempo o peso que carregamos.
Estamos em constante contato com notícias de todos os tipos. Se sentamos em um restaurante na hora do almoço, lá estará a TV ligada em uma das emissoras abertas. O conteúdo do noticiário pode nos dar uma indigestão. No carro, entre uma música e outra, além das propagandas, também temos as notícias. No final do expediente, em casa, depois de alguns minutos, queremos nos inteirar dos acontecimentos. Enfim, somos receptores de boas e más notícias diariamente. Mesmo quando não nos atingem diretamente, elas podem intervir no nosso humor e, consequentemente, na nossa saúde.
Mas como nos livrar das más notícias? A questão não é como se livrar, mas aprender a filtrar ou a dosar o que vemos e ouvimos. Para cada notícia ruim, duas boas. Será que conseguimos?
O trecho abaixo é uma referência ao conto O carregador zarolho, do livro de Voltaire, O sonho de Platão e outros contos:
“Nossos dois olhos não tornam nossa condição melhor; um nos serve para ver os bens e o outro, para ver os males da vida. Muitas pessoas têm o mau hábito de fechar o primeiro e poucas fecham o segundo; essa é a razão pela qual há tanta gente que preferia ser cega a ver tudo o que vê. Felizes são os zarolhos, que são privados somente do mau olho que estraga tudo o que vê”.
Essa metáfora nos faz refletir sobre a natureza humana e sua tendência a olhar com mais atenção para os “males da vida”. E há aquelas que preferem não enxergar os males, o que lhes permitiria sofrer menos, sabendo pouco. Será?
As más notícias não irão parar porque não queremos vê-las. Tampouco, devemos nos isentar do que não nos faz bem. Devemos, contudo, ampliar a visão para as coisas boas que nos fortalecem, e olhar com criticidade para o que nos incomoda. Da mesma forma, salientar boas ações, para que sua repercussão libere os neurotransmissores da felicidade. Estou à procura de boas notícias. E você?