| Carlos Panni
Médico e escritor
As livrarias e bibliotecas estão repletas de livros de “autoajuda” escritos pelos mais renomados autores. Com diferentes abordagens teórico-práticas, todos se destinam a oferecer soluções para os mais intrincados problemas da esfera psicoemocional. Oferecem ajuda a quem apresenta dificuldades de baixa autoestima, débil autoconfiança, escolhas equivocadas, medos, inibições, desmotivações e repetidos insucessos…
Tem para todos os gostos e necessidades… Mas, será que – realmente – ajudam?
Mesmo não querendo ser evasivo, a resposta é: – Depende!
Depende de inúmeros fatores ligados ao conteúdo de tais “manuais”. Depende, fundamentalmente, de quem os procura: – qual a motivação para assimilar seu conteúdo e realizar com sinceridade os exercícios propostos?
O leitor está disposto a ter a assiduidade e a persistência necessária, além de paciência para esperar os resultados, nem sempre imediatos?
Além disso – e mais importante – tem ele a consciência de que, para ser ajudado, quer na leitura do livro, na realização de um workshop ou numa psicoterapia, será necessário – Mudar-se?
Eis aí o grande desafio: Mudar-se para, enfim, Mudar!
Os conteúdos podem ser muito interessantes, as propostas parecerem deveras oportunas, as soluções sugeridas podem ser as que mais se adequam aos problemas pessoais… mas terá que haver mudanças profundas. Precisará haver uma revisão e mudanças de conceitos, de critérios, de valores, de hábitos… Conceitos, critérios, valores e hábitos que a pessoa traz, arraigados, geralmente, de berço.
Deixar tudo isso para trás é um grande obstáculo, intransponível para muitos e, quem decide enfrentá-lo, necessitará de um esforço hercúleo para vencê-lo.
Nossas considerações a respeito dos livros e outros métodos de autoajuda não visam, em absoluto, desestimular, desencorajar ou contraindicar quaisquer práticas que visem impulsionar o indivíduo a ter uma qualidade de vida mais gratificante, leve, solta, amando-se e acreditando mais em si mesmo.
Na verdade, é um alerta para que, quem tem um livro de autoajuda nas mãos, não se decepcione ao ver que não basta lê-lo, achá-lo adequado e com um conteúdo “como se tivesse sido escrito para mim”. É preciso mudança!
Assim – e só assim – eles serão de grande “Autoajuda”!!!