| Rosane Castro
Escritora e Narradora de Histórias
É no ambiente escolar que temos a possibilidade de expandir nossa habilidade artística. O ensino da arte amplia as nossas competências, torna-nos cidadãos mais críticos e mais autônomos, possibilita uma interação com o mundo à nossa volta, abre caminho para a inovação, elabora sentimentos e conflitos, e nos proporciona a sensação de prazer. São tantas as contribuições da arte em nossa vida, que limitá-la ou proibi-la é um ato criminoso que impede o avanço da humanidade.
Pessoas que tiveram uma boa experiência através do contato com a arte, com certeza, conseguem enxergar o mundo através de uma lente muito mais sensível. Conseguem filtrar fatos do cotidiano e, também, despertam suas consciências para valorização da vida e das pessoas.
Recentemente, fiz uma viajem com minha filha à Itália e França. Visitamos alguns pontos turísticos em Roma, Veneza, Florença, Verona, Milão, Paris e Versalhes. Confesso que, nessa viagem, fui coadjuvante. Quem protagonizou a aventura foi minha filha, Vitória. Ela ficou responsável por organizar o roteiro, desde a escolha das cidades, as visitações, as hospedagens e os deslocamentos. Também foi a responsável pela comunicação e interlocução. Não falo inglês e me expresso pouquíssimo em espanhol.
Vale salientar que ela tem dezesseis anos.
Após longos meses de elaboração da viajem, Vitória me apresenta um mapa com os locais que, segundo ela, não poderíamos deixar de conhecer. Entre eles: Teatro La Fenice, em Veneza, onde assistimos a Ópera de Giuseppe Verdi, LA Traviata. Também fomos ao museu do Teatro Alla Scala, em Milão, e conseguimos assistir, através de uma vidraça, o ensaio de um espetáculo. Esses foram alguns dos passeios pelas cidades, visitamos muitos outros museus, duomos, ruínas, palácios, obras arquitetônicas e, claro, não poderíamos deixar de ir no Louvre, um dos museus mais visitados do mundo.
Com isso, quero dizer que o ensino da arte se iniciou com a compra de livros de literatura, ainda nos primeiros meses de vida da Vitória. Depois, as idas ao teatro, aos parques, aos museus, bibliotecas e livrarias. Continuou com o incentivo da escola de educação infantil onde eram oferecidas aulas de ballet, capoeira, música e teatro. E tivemos a sorte de, no primeiro ano do ensino fundamental, de uma escola pública municipal de Cachoeirinha, a professora da Vitória era (e é) apaixonada por arte. Mercedes, a professora artista, estimula os alunos a se expressarem através de suas habilidades artísticas.
A arte é inerente ao homem. Ela é necessária porque nos humaniza.
Para quem pensa que consumir arte é caro ou elitizado, eu afirmo que não. A maioria dos teatros que assistimos é de rua. Alguns museus abrem as portas gratuitamente para a população. Temos a Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre, com teatro, biblioteca, cinema, sala de artes, apresentações gratuitas na Rua dos Cataventos.
Enfim, vivo de arte há 25 anos, e sei o quanto ela pode nos ajudar a compreender o mundo, pois o mundo está refletido nas obras de grandes artistas. Por mais investimento em escolas públicas de qualidade que possibilitem o aprendizado e estimulem as habilidades artísticas de seus alunos. (site Museu do Louvre: https://www.louvre.fr/)