| Eveline Juswiak
Psicóloga – CRP 07/20725
Sempre que vai terminando o ano é natural fazermos algum tipo de reflexão sobre o que vivemos. Muitas vezes percebemos o quanto avançamos, quantos projetos saíram do papel, quantos sonhos realizamos. Outras vezes vemos o quanto algumas situações nos deixaram em Pacajus, sem conseguir continuar.
Quando olho para a palavra recomeçar sempre me vem a imagem de uma caminhada, em que tropeçamos, caímos e temos que levantar e continuar. Mas quando se trata de experiências que nos causam impacto emocional, nem sempre é fácil levantar. Muitas vezes escolhemos ficar caídos ali, de cara no chão.
Há algum tempo atrás, lendo um dos livros da Brené Brown, deparei-me com a seguinte frase: “no processo de volta por cima só podemos traçar um caminho novo e corajoso depois de reconhecer onde estamos, ter curiosidade de saber como chegamos ali e decidir para onde queremos ir”. Ou seja, para os nossos recomeços é necessário entrar em contato com a queda. Entender e reconhecer nossos sentimentos, que muitas vezes são estimulados por histórias que contamos a nós mesmos, assumir que essas histórias muitas vezes não correspondem à realidade, poder examinar e questionar essas histórias, ser sincero e não negar a dificuldade que estas histórias carregam. Tudo isso faz parte de um recomeço saudável.
Muitas pessoas fazem exatamente o contrário: fingem que está tudo bem. Lotam a agenda de tarefas para não precisar pensar, reforçam o tempo todo que precisam ser fortes, mesmo que por dentro estejam enfraquecidas e vulneráveis. O problema de não entrar em contato é que nunca se resolve, nunca se percebe o que leva ao problema e, consequentemente, fica difícil mudar o caminho.
Que neste final de ano a reflexão te leve a perceber seus momentos de queda, reconhecê-los e assumi-los com sinceridade, para que possas recomeçar em busca da vida valiosa que desejas.