| Carlos Panni
Médico e escritor
A indiferença é a mãe de qualquer filho ou a árvore de qualquer fruto… Qualquer!
Geração espontânea, descontrole, apatia, fatalismo e o que virá, virá…
Cito, novamente o filósofo que exorta: – É da natureza das coisas que os começos sejam sempre pequenos, mas, se não corrigidos a tempo, agigantam-se a ponto de se tornarem insolúveis.
Assim é em todos os setores e empreendimentos da vida humana.
Desde a idade gestacional até o desenlace, a indiferença será a grande causa dos abandonos, violências, abusos e carências – contra o outro ou contra si mesmo. Os frutos? Ah, os frutos – amargos – não cairão longe do pé – e serão mais abandonos, violências, abusos e carências. Crianças na rua, balas perdidas, drogas e criminalidade são apenas alguns representantes desta tragédia familiar e social, senão universal… Aparentemente menos danosos (só na aparência!) estão a fome, o desemprego, o desrespeito, a humilhação…
Nos empreendimentos de qualquer setor, a indiferença não é menos preocupante e perigosa. Pequenas ou grandes empresas podem ir à bancarrota se não forem tomadas medidas urgentes e austeras quando este mal contagioso começar o processo de declínio da produção, do esforço e do entusiasmo.
“Os olhos do dono é que engorda o boi” diz o ditado bem gaudério.
Na verdade, o assunto quer chegar aos motivos pelos quais o Brasil chegou onde chegou: caos, dívidas, falência, desrespeito, escárnio…
Por que?
Se formos às causas finais chegaremos aos corruptos e corruptores. Contudo, bem no início, quando os roubos eram pequenos, o povo (nós!) não interferiu e a corrupção foi crescendo a tal ponto de a falência ser quase insolúvel…
Tratamos a coisa pública – de nosso interesse – sem o devido interesse, cuidado e intervenção a tempo. Enquanto isso, praias, carnaval e futebol reuniram e reúnem milhões de veranistas, foliões e torcedores…
Fomos indiferentes ao que realmente interessa!
Continuamos – com raras exceções – indiferentes, indolentes, alienados! Colhemos os frutos amargos, pesados, insustentáveis!
Pobreza, dívidas, frustração, depressão, desesperança…
Continuaremos indiferentes?!