Texto e Fotos | Denise de Oliveira Milbradt
Na contramão dos antinacionalistas brasileiros, um grupo de senegaleses deixou tudo para trás em nome de um ideal de vida, além de fugir da pobreza que atormenta o pequeno e primitivo país africano. Eles estão pelas ruas de Cachoeirinha trabalhando como vendedores ambulantes, moram com amigos para reduzir custos e estão longe de conquistar aquilo que tanto buscam: igualdade de direitos. Conheça algumas destas histórias inspiradoras de quem tenta fugir do futuro incerto de Senegal.
Ele exerceu durante muitos anos as profissões de agricultor e mecânico, mas a pobreza e a iminência do nascimento da segunda filha – hoje com dois anos e que ainda não conheceu – fez com que Abdou Seye, 31 anos, deixasse o seu país e sua família em busca da sobrevivência. Há quase três anos em Cachoeirinha, passa os seus dias circulando pela Avenida Flores da Cunha na tentativa de vender os seus produtos, comprados em centros comerciais de São Paulo. O senegalês conta que antes fora contratado por uma indústria de vidros, que exigia trabalho superior a dez horas diárias. Sem o pagamento de horas extras foi obrigado a buscar novas oportunidades. Abdou, no entanto, encontrou as portas fechadas para ele e seus coirmãos de Senegal. “Estou com documentação regularizada no Brasil e só queria uma oportunidade de trabalhar numa empresa para conseguir trazer a minha família para a cidade”, detalha.
Aos 24 anos, Khadim Diem concluiu o curso de Inglês e fez vários cursos de informática na cidade. Antes de sair de Senegal estudava línguas e considera-se um excelente aluno, mas no Brasil só restou-lhe a opção de vendedor ambulante. Ele lembra dos dias difíceis em que passou ao lado da família, dentre eles três irmãos. Com os objetivos frustrados, organiza-se para retornar ao seu país de origem até o final deste ano.
Há quatro anos em terras brasileiras, Sambaly Csylla, 36 anos, tem ensino médio completo e em Senegal trabalhou durante muitos anos em uma empresa australiana, que executava poços artesianos. Desempregado durante muito tempo tentou mudar-se para a França (vizinha de Senegal), mas acabou expulso. Restava-lhe o Brasil. Do Acre passou por São Paulo e com a ajuda de um amigo veio então para Cachoeirinha. Antes, porém, esteve em Caxias do Sul na tentativa de realizar a documentação de identificação e carteira de trabalho.
Na antiga empresa ganhava cerca de R$ 3 mil e almejava voos maiores no Brasil. Mas o que encontrou foi um país em crise e empresários inseguros na hora de contratar um estrangeiro. Ainda assim diz ter sido bem acolhido por amigos e que a alegria das pessoas é contagiante. A meta agora é juntar dinheiro para comprar passagem de avião, voltar às origens e reencontrar a família. “A diferença cultural é imensa, mas gosto da liberdade de expressão e de manifestação de carinho aqui do Brasil. Vou sentir saudades”, conta o vendedor ambulante.
Um país chamado Senegal – Localizado no continente africano, Senegal ocupa uma área de aproximadamente 196,7 mil quilômetros quadrados e com cerca de 12,8 milhões de habitantes, destes a maioria está concentrada em áreas rurais. Atualmente, eles enfrentam vários problemas de ordem socioeconômica, como altas taxas de mortalidade infantil e de analfabetismo, baixa expectativa de vida, etc. A economia senegalesa é pouco desenvolvida. Os principais produtos de exportação são o fosfato, o amendoim e o pescado. Mas, o maior patrimônio deste povo vem dos bens histórico-culturais, principalmente de algumas cidades do Senegal. As belezas naturais, com destaque para as savanas e as reservas de animais selvagens, têm alavancado o turismo, que passou a ser uma importante fonte de receita.