| Rosane Castro
Escritora e Narradora de Histórias
Não há um método ou uma forma específica de contar histórias.
Ao contar uma história estamos propondo um momento lúdico, prazeroso e que deve ser estimulado desde o nascimento do bebê para que o contato mais frequente com a linguagem possa contribuir para a formação cognitiva e emocional da criança. A pedagoga Sandra Bittencourt fala da importância de contar histórias para bebês como um ato de amor:
O primeiro contato da criança com um texto é oral, através da voz da mãe, do pai, dos avós cantando, contando. […] Escutar é o início da linguagem de afeto, uma acolhida, associação de palavras e letras, uma ponte para o caminho infinito de descobertas e compreensão do mundo. A história não termina quando você acaba de ler ou contar. Ela tem acesso ao cognitivo, ao linguístico e afetivo. [1]
O ato de contar histórias está muito ligado à família e todo o contexto que a envolve. Quando oferecemos à criança um espaço e tempo para ouvir uma boa história, seja com o livro ou uma história de memória, estamos estimulando sua imaginação e sua criatividade. Também é uma preparação para a alfabetização dos sentidos, para a diversidade de leituras de textos e de sentimentos.
Se, na família, o contar histórias é um momento de carinho, dedicação e aprendizado, quando a criança vai para escola, este contato com o livro, a literatura e a oralidade deve continuar a ser estimulado. A escola como uma extensão da família deve utilizar a oralidade, e toda a sua carga afetiva, para contagiar os alunos pelo gosto à leitura. Uma das formas de atrair a criança ou o adolescente para este universo que estimula o imaginário, amplia o vocabulário, faz relações com a vida real através da ficção, proporciona momentos descontraídos, de reflexão e questionamento, é o ato de contar histórias.
Sheila Fontes diz que: “O homem não pode crescer sem ter sempre, dentro dele, um menino que sonha e acredita no impossível. A história faz um elo de maneira ímpar. Ela consegue dinamizar o real através do lúdico, da fantasia, do sonho”.
Devemos ficar atentos à geração de crianças e jovens que estamos ajudando a formar. Estamos preocupados em alimentar nossos filhos e alunos com bons exemplos, boas experiências e boas histórias? Queremos pessoas mais felizes e realizadas?
Escolher um bom livro e oferecê-lo para a criança ler, ou lermos para ela, é, especialmente, significativo do ponto de vista do aprendizado através do afeto.
Deveríamos ler pelo prazer que a leitura pode nos proporcionar, jamais por uma obrigação. Quem faz coisas por obrigação, dificilmente se sente realizada. Penso assim.