Texto e Fotos | Denise de Oliveira Milbradt |
O consumo de drogas é apontado por muitos sociólogos como o grande mal do século. É da relação entre consumo e venda que são gerados os altos índices de violência e flagelação do ser humano. O combate ao vício está longe de acabar, mas uma importante liderança contra a drogadição é de Cachoeirinha e conhece como ninguém esta realidade. Vicente Pires é ex-usuário e ferrenho defensor da criação de políticas públicas sólidas, que consigam amparar todo o cidadão que decidir interromper o círculo vicioso causado pela dependência química. É ele quem também deu um importante passo nesta causa com a criação – há sete anos – da primeira comunidade terapêutica do Brasil mantida com recursos públicos, com sede no município: a Comunidade Reviver.
Vicente – como é conhecido em Cachoeirinha – tem 55 anos e está totalmente reabilitado dos vícios da cocaína e do crack. Depois de participar ativamente na política, hoje ministra palestras sobre dependência química e comunidades terapêuticas em todo o Rio Grande do Sul. Ele representa a Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas no RS (Febract Sul), onde exerce o cargo de vice-presidente.
Fundada em 16 de outubro de 1990, a Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas (FEBRACT) é uma sociedade civil e sem fins lucrativos que atua em busca de convênios com empresas e órgãos públicos para aumentar o número de internações, além da promoção de cursos de capacitação para quem atua ou quer fazer parte do trabalho de uma comunidade terapêutica. Até agora, segundo Vicente, milhares de pessoas já receberam a formação. Os recursos também são voltados para quem trabalha com programas de prevenção ao uso de drogas.
Quando o assunto é a Comunidade Reviver, inaugurado em abril de 2011, Vicente orgulha-se de ter liderado um projeto que fez com que Cachoeirinha fosse destaque em todo o Brasil. “A Reviver foi o primeiro centro público de recuperação de dependentes de drogas custeado totalmente por uma Prefeitura. Lá todos os internos participavam das atividades da casa e aprendiam novos ofícios. Isso ajuda no retorno ao mercado de trabalho”, explicou.
Mas, durante o seu processo de reabilitação, percebeu que os moldes tradicionais não funcionavam como deveriam e que a solução estaria numa comunidade terapêutica. Hoje, porém, Vicente defende a concomitância com grupos de mútua-ajuda e que a falta de leitos para atender clinicamente é um problema sério a ser revisto pelos governos. “Municípios, Estado e esfera federal precisam se unir para subsidiar estes custos”, defende.