| Eveline Juswiak
Psicóloga – CRP 07/20725
O uso de ferramentas digitais tem sido assunto em diversas matérias, e de diferentes áreas do conhecimento. Vemos cada vez mais avanços para otimizar o uso, mas também vemos um grande avanço no como o seu uso tem afetado na vida das pessoas. Pergunto-te: quantas pessoas você conhece que fazem uso de smartphone com acesso à internet? Talvez sua resposta seja: “eu desconheço quem não use”. É um comportamento extremamente comum as pessoas volta e meia pegarem seus smarphones para darem “uma olhadinha”. É possível hoje encontrar diversas pesquisas sociais e psicológicas a respeito do uso da tecnologia, e cada vez mais os pesquisadores alertam para o excesso de uso e quais podem ser as consequências disso.
A socióloga norte-americana, e também conhecida como ciberantropóloga, Amber Case já alerta para os cuidados com o uso da tecnologia há um bom tempo, e vem definindo que “O celular é o novo cigarro: se fico entediada, dou uma olhada nele. Está nos escravizando”. E esse vício, ou escravidão conforme definido por Amber, como pode refletir em nossas vidas?
Um estudo realizado na Universidade Estadual de São Francisco, na Califórnia (EUA), mostra que esse vício pode levar as pessoas a se sentirem mais isoladas sozinhas, deprimidas e ansiosas. Além disso, as pessoas acabam se sentindo mais sobrecarregas, não permitindo que seu corpo relaxe e se autorregenere. E mais, um corpo e mente cansados tem mais dificuldade de concentração, portanto essas mesmas pessoas participantes do estudo, que apresentaram essas características, demonstraram dificuldade em manter o foco, já que sua atenção estava sempre dividida. A conclusão que eles chegaram é de que os indivíduos estão sempre em estado de alerta devido às notificações constantes no celular, por isso essa consequência.
Para combater isso a socióloga Amber Case dá a dica de nos permitirmos escolher quando queremos estar em contato com o celular, e nos permitir viver o mundo mais concreto. Ou seja, deixe o celular de lado, coloque em modo avião por um tempo, ou tire a opção de receber notificações das redes sociais, e se permita a olhar para o mundo que está a sua volta nesse momento.
Digo mais: ao terminar de ler esse texto, feche essa revista e olhe ao seu redor, ouça os sons que estão à sua volta (se estiver silêncio, se permita escutá-lo), sinta o ar tocando tua pele, puxe o ar bem fundo e sinta tua respiração. Precisamos nos propor a voltar à essência, ao que é real, ao que está aqui e agora.
E termino com uma frase da Amber: “A natureza é a melhor designer, temos de voltar a nos inspirar nela para viver”.