Texto e Foto | Denise de Oliveira Milbradt |
Vaidosa, ela não deixa de estar com o cabelo e as unhas impecáveis. A maquiagem dá um toque final. Uma mulher normal com uma profissão incomum: sapateira. O ofício, quase em extinção nos dias atuais, fora herdado do sogro que, ao adoecer, transferiu para Adriana Cunha Grundler a responsabilidade do seu pequeno negócio.
Na época, ela trabalhava como atendente em uma imobiliária e precisou driblar o tempo escasso com as idas e vindas ao hospital (onde o sogro estava internado) para aprender o ofício. Tudo para não deixar na mão os clientes do pai do marido, que começavam a insistir no conserto do seu objeto. “Os altos custos dos remédios e da profissional que cuidava dele impôs também a necessidade de um dinheiro extra”, lembra.
Começou colando sapatos e aos poucos, de uma maneira quase autodidata, ampliou os serviços oferecidos. Mãe de três filhos, hoje também avó, Adriana completa 10 anos no exercício da sapataria. Em uma peça ao lado da sua casa, ela passa os dias dedicada a não deixar morrer o par de sapatos ou a bolsa preferida dos seus clientes. Mas, ainda que valorize o sentimento das pessoas pelos objetos, ela reclama que boa parte do material que chega à sapataria não volta mais para o seu dono, já que os mesmos não retornam para buscá-los. O resultado é um amontoado de pares antigos dos mais variados formatos e cores. Contudo, garante que o prazo para a sua retirada é de 30 dias. Depois disso ela ganha o direito de vender o produto para cobrir os seus custos. “Amo o que faço e lamento o fato de a nova geração não demonstrar interesse pela profissão, que tende a desaparecer”, salienta.