| Carlos Panni
Médico e escritor
Desde as históricas guerras entre os povos, até os desentendimentos com um colega de trabalho, com um parente bisbilhoteiro ou com o vizinho que queima o lixo frente a nossa janela – vivemos em conflito. E se procuramos não ter conflitos exteriores, de repente nos vemos brigando conosco mesmos.
Esta instabilidade física, mental, emocional e até espiritual reflete o quanto somos muitos (e diferentes) em nós mesmos, assim como são as bilhões de cabeças – cada uma com a sua “sentença”.
Por isso o conflito é inerente ao indivíduo porque, como o nome diz: – cada um é um.
Infelizmente, nós não nos damos bem nem conosco mesmos. E esta não é uma dedução apocalíptica, mas uma consequência do nosso polimorfismo estrutural onde coexistem uma infinidade de fatores que nos fazem “um ser confuso e complexo”. E, como se equilibrar – já que o equilíbrio é fundamental – para se viver o mais distante e imune possível da gama de possibilidades e probabilidades conflituosas?
É sendo inteligente, perspicaz, claro, objetivo, prático, coerente, assertivo…
É preciso reunir todas essas prerrogativas e usá-las a nosso favor. Se eu quero viver em paz, preciso excluir ou anular tudo o que ameaça a tranquilidade desejada. Utopia?!
Claro que sim, se interpretarmos tudo com base no “oito ou oitenta”. O equilíbrio entre o que é possível e o que não é possível e aceitar o que eu posso e o que eu não posso é o primeiro passo em busca dessa tranquilidade desejada.
Evitar o conflito é uma etapa parcial pois não podemos evitá-lo sempre, mas sempre podemos dimensioná-los em grandeza, importância e urgência.
Há quem viva “se incomodando com as “queimadas do vizinho” ou com a rabugice do chefe de setor… Há quem viva “de mal com a vida” … Há os “faca na bota” que não levam desaforo para casa…
Há quem viva atritado com o seu próprio passado e desfilam, para si e para os outros, um rosário de lamentações…
Antes de aceitar a provocação e partir para a “briga”, seria interessante se perguntar: -Vale a pena?
Vale a pena deixar o objetivo maior e prioritário (a paz) ser desfeito para se “provar” que se está certo ou que sempre se tem razão?
Isto é uma questão de inteligência, perspicácia, clareza, objetividade, praticidade, coerência, assertividade… usadas a nosso favor!