| Carlos Panni
Médico e escritor
Estou retornando do World Congress on Brain, Behaviour and Emotions. O tema Fobia Social recebeu uma abordagem profunda pelo grau de importância e pelo sofrimento de pacientes e familiares.
A pessoa, quando exposta às situações sociais, começa a desenvolver ansiedade de variável intensidade e com sintomas como sensação de mal estar, sufocamento, tremores, batimentos cardíacos acelerados e/ou descompassados, suores frios e náuseas, entre outros.
A insegurança ao meio social, geralmente oriunda na infância, provoca uma reação de isolamento progressivo visando não se expor ao constrangimento, à vergonha e ao sofrimento. Os sintomas tendem a se agravar com grande prejuízo nas ralações familiares, com os amigos, no desempenho escolar e profissional e, sem dúvida, nos relacionamentos íntimos e afetivos.
A fobia social se origina, frequentemente, das relações afetivas familiares, onde haja sofrido privação afetiva, abandono, abusos, críticas, situações vexaminosas e humilhação, principalmente em presença de outras pessoas, sobretudo estranhas. O poder destruidor das palavras e atitudes mal ditas (ou malditas), pode provocar danos indeléveis à criança, podendo se manifestar em qualquer idade e em diferentes situações da vida. O efeito deletério do “bullying” escolar ou da não aceitação pelo grupo ao qual desejaria pertencer pode ser fator relevante.
O tratamento precisa ser iniciado o mais precocemente possível, evitando a consolidação do retraimento social, a tal ponto de total reclusão domiciliar, além de poder evoluir para intensa ansiedade, fobia e depressão.
Cauteloso e acolhedor deve ser o início do tratamento, propiciando grande confiança no médico ou terapeuta, além do imprescindível apoio familiar. Em continuidade, inicia-se um processo de gradativa exposição ao meio social, desde a mais simples até as mais complexas. Além da terapia, medicamentos ansiolíticos e antidepressivos são indicados nas fases iniciais para acelerar a sensação de tranquilidade e autoconfiança. Ressalte-se a necessidade de os pais observarem sinais de retraimento social em seus filhos ainda pequenos, iniciar o mais precocemente o tratamento e, sobretudo, saber o poder da palavra de afeto, segurança, proteção e estímulo na educação, na autoestima e na evolução sadia da criança.