| Carlos Panni
Médico e escritor
A história tem demonstrado a evolução da cultura dos diferentes povos e, nela, seus conceitos, preconceitos, valores, hábitos e costumes…
Cada um, a seu tempo e lugar, tem promovido mudanças mais ou menos radicais na maneira de conduzir a vida particular, familiar, profissional, social…
Alguns premidos pelas mudanças externas, outros por convicções derivadas dos mais diferentes estudos e aprendizados, o certo é que ninguém ou nenhuma comunidade ou mesmo nação pode parar no tempo. Tudo e todos mudam.
Contudo, tais mudanças nem sempre são automáticas e indolores. Pelo contrário, e é de se esperar que a maioria delas seja uma alternância de conquistas, oposições, derrotas, abusos e retaliações de toda espécie. E é de se esperar porque, em toda mudança, quebram-se algumas coisas.
Mudar o que estava alicerçado e consolidado através dos anos, dos séculos ou dos milênios é uma tarefa hercúlea que se estabelecerá, não por um ato, mas através de um longo processo. E é nesse longo processo que estará presente o “Pêndulo das Mudanças”. O ideal é o equilíbrio, mas até que ele se estabeleça, o pêndulo vai de um extremo ao outro. De um lado, o retrocesso, o reacionário, o “retrô”. De outro, as convicções e atitudes radicais, abusivas e imediatistas, desrespeitando o processo que precisa ser gradativo, até que se estabeleça como melhor que o anterior e se consolide através de experiências positivas e repetidas.
Tais avanços, ou “avanços” nem sempre bem entendidos, por desmedidos ou inoportunos, podem ser observados nas salutares e necessárias manifestações populares onde, não raro, pelas ação “democrática” dos vândalos e baderneiros, ocorre todo tipo de perturbação da ordem pública. Aí, são questionáveis algumas interpretações e atuações dos defensores dos “Direitos Humanos”, privilegiando malfeitores enquanto as vítimas, muitas vezes, passam “despercebidas” por tais movimentos.
A educação infantil, que em algumas culturas (?) prevê a liberdade quase incondicional como as crianças “devem” ser tratadas, tem despertado dúvidas e questionamentos pelo número avassalador de adolescentes sem limites… Parece que nessas e em tantas outras situações, o pêndulo precisa buscar o equilíbrio.
Ele se move em todo processo, desde o tecnológico até os diferentes níveis das relações interpessoais, de maneira sutil ou ostensiva. Em algum momento desfrutaremos das benesses da evolução adequada, assim como podemos ser surpreendidos por “avanços” não tão salutares, senão deletérios.
Cabe a cada um, a cada casal, família, sociedade e a cada uma das nações do planeta promover as mudanças e os avanços necessários, com a devida cautela para não exorbitar no modo e no tempo para que sejam, de fato, necessários, oportunos e de interesse comum… e o pêndulo encontre o equilíbrio!