| Saul M. Sastre
Professor, escritor e palestrante
Na adolescência adorava os videogames e tentando entender esse novo meio de aprendizagem e, inclusive, metodologia de gestão moderna, procurei me atualizar no assunto. Cheguei na gamificação lendo um artigo do Adm. Henrique Bohnenberger “Gamification: inserção da Gamificação nos processos de gestão empresarial”.
Até ler o artigo não havia me dado conta o quanto os jogos eletrônicos nos influenciam. Meus filhos, como todo jovem geração Z, do Zaping, são autoridades no assunto. Levam a sério as partidas de futebol e as tradicionais corridas de carros e motos. Cresceram entendendo os complexos sistemas de pontuação, metas, regras, feedbacks e participações compartilhadas.
E foi exatamente observando o comportamento diante dos games, que empresas se dedicaram a gamificar tudo. Aplicativos de sucesso como Uber, Airbnb, Facebook ou sistemas de milhagens de cartões de crédito, entre tantas start ups, possuem como características comuns a essencialidade dos jogos: “complexos sistemas de pontuação, metas, regras, feedbacks e participações compartilhadas”. Tudo igual ao que a juventude aprende desde criança se divertindo nos games. Além de produtos e serviços, a gamificação também já está presente nas escolas e universidades através de matérias que usam pontuações nas tomadas de decisões, parecidas com games, tudo porque as relações de trabalho caminham a passos largos para a gamificação.
Bohnenberger afirma que no passado, havia sempre dois momentos no dia: um para trabalhar e outro para descansar. Atualmente, com o mercado globalizado, o tempo de descanso diminuiu e se fundiu com as relações de trabalho. Se quisermos reter a geração Internet, temos que propiciar um ambiente organizacional atrativo, interativo e satisfatório.
Para os jogadores, quatro características impulsionam sua motivação: competição, aprendizado, fuga da realidade e interação social. Das modernas técnicas de gestão utilizadas em organizações de sucesso, podemos fazer um link entre competição e meritocracia, aprendizado e coaching, fuga da realidade e liderança coaching. A interação social como a característica capaz de propiciar maiores possibilidades de felicidade profissional.
Como podemos ver, tudo é game hoje em dia. Sou da época do telejogo, um joguinho com dois pauzinhos e uma bolinha quadrada, tipo pingue pongue. Passávamos as tardes jogando e fazendo campeonatos. Depois veio o Atari até eu perder a conta da evolução tecnológica. Nunca imaginei que simples e inocentes brinquedos teriam o poder de inspirar negócios, mudar o sistema de educação e colaborar com a competitividade organizacional.