| Saul M. Sastre
Professor, escritor e palestrante
O Brasil mudou e a máxima “o que nos trouxe até aqui não nos levará adiante” está fazendo valer. Mudamos para pior, não é questão de pessimismo, mas é o que a realidade nos mostra quando olhamos para o lado e constatamos que a maioria dos nossos empobreceram nos últimos cinco anos.
Até 2012 tínhamos maquiagem de pais próspero. As coisas não iam bem, tanto que houveram protestos em 2013 e de lá para cá, só descemos a lomba: recessão, desemprego, inflação e o povo nas ruas, ojerizando partidos políticos, pedindo providências e mudanças.
Nas empresas privadas, raros avançaram na onda de escassas oportunidades. Quem sobreviveu é porque tinha um mínimo de gestão e desses, uma maioria estancou o investimento, depois enxugou o que deu e agora, cortando da própria carne está reduzindo o padrão de vida na esperança que a economia reaja.
Na gestão pública, Estados quebrados, parcelando salários e contas. Governo Federal, apesar de sermos o país que mais paga imposto no mundo (pagamos ao governo pelo serviço e a iniciativa privada pelo mesmo serviço), também com sérias dificuldades que refletem no financeiro.
Se olharmos o Estado do Rio Grande do Sul, dos 497 municípios, não mais que 10% encontra-se em uma situação financeira estável. 90% está com suas contas desorganizadas, devendo muito e com poucas perspectivas de resolver problemas a curto prazo. O Brasil mudou e o passado como era não vai voltar. Tudo o que fazíamos e que nos levou a glória, hoje não vai nos levar adiante. O presente está desenhando um novo futuro. Gestão e inovação são o caminho, servindo tanto para área privada quanto pública.
Organizações como Uber, Airbnb e tantas startups surfam na onda das mudanças. Gestões tradicionais, com estruturas pesadas, inchadas de gente e com o mínimo de entregas, terão que se reformar para sobreviver. A equação da prosperidade está em estrutura enxuta, gente qualificada, tecnologia e resultados positivos.
As empresas públicas, na época das boas arrecadações, sindicatos e corporações conseguiram importantes vantagens salariais extensivas a planos de carreira, que com a queda econômica tornaram-se quase impagáveis. Além disso, políticos por falta de administração ou má fé, fizeram péssimas gestões e agravaram o que já estava ruim.
O Brasil mudou porque o mundo está mudando. Pioramos para melhorar. Quem no passado não mudou pelo bem fazendo seu tema de casa, agora terá que fazer na marra, por isso quebradeira, protestos e greves serão muito frequentes até que as coisas se estabilizem e as cabeças que não quiserem rolar, terão que mudar também.