O rarear das madeixas não é em si uma doença. É, na verdade, um sintoma – tanto de males que atacam só o couro cabeludo quanto dos que também agridem outras partes do corpo. Segundo um artigo de estudiosos da Universidade de Manchester, na Inglaterra, essa visão mais moderna da saúde capilar ajuda a diagnosticar problemas que poderiam passar despercebidos, assim como aumenta a taxa de sucesso do tratamento contra a calvície.
Claro que a maioria das carecas surge em virtude do envelhecimento e de uma predisposição hereditária à alopécia androgenética – que atinge os dois sexos e é ocasionada pela conversão de altas doses de testosterona em di-hidrotestosterona, molécula que fragiliza os fios. Porém, isso não justifica menosprezar a perda de cabelo ou tratá-la como uma questão puramente estética, em especial se vier acompanhada de outras alterações. A seguir, elencamos alguns motivos para não tirar isso da cabeça.
Síndrome metabólica – Pesquisadores da Universidade Yonsei, na Coreia do Sul, examinaram o sangue, as medidas corporais e o cocuruto de 1884 pessoas. O primeiro resultado: 52,6% delas manifestavam a calvície. Acontece que, nessa turma, havia também uma maior prevalência de diabete, hipertensão, obesidade e triglicérides altos – encrencas que, em conjunto, constituem a síndrome metabólica. “Essas doenças lesam inclusive os vasos que irrigam o couro cabeludo”, justifica o tricologista Adriano Almeida, diretor da Sociedade Brasileira do Cabelo. Há ainda outra hipótese bem aceita de que esses distúrbios (e principalmente o diabete) provoquem uma inflamação crônica que compromete a integridade da cabeleira.
Cigarro – A mesma pesquisa coreana mostra que homens fumantes também correm um risco maior de sofrer com o desmatamento capilar. Acredita-se que as substâncias tóxicas do cigarro enfraqueçam as mechas. Como na síndrome metabólica, anos e anos tragando e soltando fumaça levam a uma degeneração dos vasinhos que abastecem as extremidades do corpo – caso do couro cabeludo.
Anemia – A deficiência de ferro é a desordem nutricional mais comum do mundo. E a carência desse mineral leva a uma queda na concentração de hemoglobina, proteína presente em células do sangue que é fundamental para o transporte de oxigênio. A isso se dá o nome de anemia, que aflige 30% da população ao redor do globo, segundo a Organização Mundial da Saúde. Além de cansaço e palidez, o déficit de oxigênio tira a resistência dos fios.
Problemas intestinais – Sim, o ferro parece ajudar a manter o penteado incólume. Mas ele não é o único nutriente que precisa entrar no cardápio. Zinco, cobre e proteínas, entre outros, asseguram a beleza e a firmeza dos fios. A questão é que de pouco adianta adotar uma alimentação balanceada se o aparelho digestivo não consegue absorver as substâncias benéficas vindas da comida. O processo inflamatório no intestino se espalha para outras regiões, podendo repercutir na cabeça. Mais: em certas situações, até os remédios contra esses transtornos resultam em alopécia.
Estresse crônico – Cerca de 10% das mulheres têm algum grau de calvície, principalmente naquelas que trabalham em setores muito estressantes. Claro que um momento isolado de nervosismo não vai deixar você careca. Contudo, se a ansiedade nunca vai embora, cria-se uma bagunça hormonal que prejudica a integridade dos fios.
Disfunções da tireoide – A glândula alojada no pescoço dita o ritmo do organismo inteiro e os processos de crescimento e renovação capilar não ficam de fora. Se a pequena estrutura em formato de borboleta passa a fabricar doses elevadas dos hormônios T3 e T4 – quadro chamado de hipertireoidismo -, acaba acelerando a reposição celular do couro cabeludo, o que deixa a careca exposta. Já no hipotireoidismo, a falta de T3 e T4 lentifica o metabolismo.