A história tradicionalista de Cachoeirinha não pode ser contada sem este importante personagem – Valdecir de Moraes Laus ou apenas Moraes. Funcionário de carreira do Banrisul desde 1966, veio parar em Cachoeirinha para assumir a gerência da agência. Casou-se com a professora Gleci Laus e teve três filhos. Moraes sempre foi um tradicionalista praticante e por onde passou cultuou o amor às tradições gauchescas. A prova disso foi que a ideia de se construir um novo CTG na cidade que começou nas dependências do Banrisul. Mas o desejo em propagar a cultura tradicionalista na cidade não cabia mais nas dentro do banco e então decidiu junto com Telmo Dornelles, Atilano Rodrigues e Anildo Alano propor a reativação do CTG Guapos da Amizade. O que não deu certo e fez o quarteto articular a criação de um novo centro de tradições gaúchas.
Em 1986, nascia o Rancho da Saudade. Telmo Dornelles foi o primeiro patrão, mas falecera logo em seguida e Moraes, como vice, assumiu a patronagem do Rancho pela primeira vez. O primeiro baile do novo CTG foi com Os Serranos. A partir de então se iniciou uma longa história de conquistas e amor ao tradicionalismo.
No ano seguinte o Rancho havia criado os Cavalarianos, que participaram da Cavalgada do Mar, no Litoral Gaúcho. Ainda em 1987, inspirado em um evento realizado na cidade de Silveira Martins por onde havia trabalhado, Moraes propôs a criação da Ronda Crioula na cidade. A primeira edição aconteceu de 13 a 20 de setembro de 1987, montado bem no centro da cidade. Moraes lembra que a Ronda teve personagens importantes que não poderiam deixar de ser citados – Francisco Medeiros, o Zé da Gaita, a Tia Maria, o Paisano, o Luizão, o Alípio Martins e o Beto Figueiredo. Para Moraes as perdas de Telmo Dornelles e Medeiros foi o que mais lhe marcou até hoje, pois foram os maiores incentivadores do tradicionalismo da cidade. O seu legado é que a tradição gaúcha seja respeitada e levada a sério, sendo tratada como cultura, sem distinção de classe.