Cachoeirinha é conhecida por ter um distrito industrial forte e ser sede de grandes empresas de diversos ramos. Além disso, o município é próspero e apresenta bons números de crescimento. No dia 15 de maio completou e comemorou os seus 48 anos de emancipação
Texto por Rita Trindade | Fotos Divulgação
Cachoeirinha comemora 48 anos no dia 15 de maio e a Revista Mais Matéria preparou um especial para homenagear a nossa jovem cidade. Contaremos a história do Mato do Júlio, da família Baptista e do início da Vila Cachoeirinha, que posteriormente se torna a cidade de Cachoeirinha.
Embora ainda haja muito por fazer, sabemos que a cidade está melhorando a cada dia, por isso, a nossa equipe elegeu 10 motivos para comemorarmos o aniversário desta jovem senhora. Temos também depoimentos de entidades, associações e ainda do Prefeito Vicente Pires, parabenizando a aniversariante mais encantadora e próspera da região. Confira a seguir:
“A Subseção da Ordem dos Advogados de Cachoeirinha parabeniza a nossa cidade por mais um ano de vida e deseja que possamos cada vez mais elevar e levar o seu nome. Somos um povo ordeiro, acolhedor e trabalhador e podemos transformar a nossa querida cidade num local aprazível para se viver. E é com este pensamento que cada um de nós tem o dever de ser agente transformador na busca de uma cidade cada vez maior e melhor. Parabéns Cachoeirinha.”
Presidente da OAB Cachoeirinha – Jeferson Lazzarotto
“Esta próspera cidade nasceu para ser uma vencedora. Estrategicamente bem localizada, próxima as principais rodovias e vizinha a capital do Estado, logo chamou a atenção. Recebeu muita gente do interior do estado, de outros estados e até de outros países. Junto com toda esta gente veio o investimento para a cidade e a necessidade de infraestrutura para acomodar a todos. Este jeito de ser de Cachoerinha, esta cultura, poderíamos dizer, permitiu a vinda de muitos empresários, que viram nesta cidade uma oportunidade de construir seus negócios, de continuar com suas vidas e de buscar melhorias nas suas atividades. Boa parte da renda do município é gerada pelas empresas instaladas em Cachoeirinha. Temos no Município um dos principais distritos industriais do Rio Grande do Sul. Cachoeirinha contribui significativamente para as exportações do Estado, somos o 11º no ranking das exportações, para geração do PIB, somos o 11º na geração de riqueza e retorno de ICMS, somos o 7º em retorno neste imposto.
O Centro das Indústrias de Cachoeirinha nasceu com o objetivo de congregar e representar as indústrias instaladas neste município. Através desta organização levamos às autoridades do Município e do Estado as reinvindicações de seus associados e as sugestões de melhorias para a cidade. Temos recebido atenção especial das autoridades municipais e muitas melhorias foram planejadas em conjunto com a Prefeitura. Agradecemos as autoridades que tiveram uma visão empreendedora e de longo prazo. Foi graças a este entendimento que nasceu o distrito industrial de Cachoeirinha. Temos uma área especialmente destinada à indústria com infraestrutura e localização privilegiadas.
Quando analisamos a extensão territorial de Cachoeirinha e seu pujante desenvolvimento econômico, gerados pelas indústrias, pelo comércio e prestadores de serviços, ficamos desejando mais. Desejamos a vinda de mais indústrias para o município, a vinda de mais empresas do ramo do comércio e de serviços, mais geração de empregos e renda, mais organização na cidade, praças, parques, áreas de lazer, limpeza, segurança, mais qualidade de vida. Muitos destes desejos nós podemos realizar através de atos de cidadania, preservando o meio ambiente, cuidando da organização e limpeza de nossas casas, empresas e de nossa rua. Pequenos gestos contribuem muito para a continuidade deste desenvolvimento que temos acompanhado. Cachoeirinha pode muito mais. Nós fizemos as empresas que trabalhamos. Nós fizemos a cidade que vivemos. Nós escolhemos a qualidade de vida que queremos.”Presidente do CIC – Admir Juchneski
“Comemoramos neste aniversário de 48 anos de Cachoeirinha algumas conquistas, alcançadas através de um trabalho forte desenvolvido pela Associação, juntamente com a Prefeitura de Cachoeirinha. Alguns exemplos a serem citados são fruto de reinvidicações que levamos ao poder público, coletadas dentro do Projeto Tribos, em relação à acessibilidade. No final do ano passado as avenidas estavam bem identificadas. Outro é o trabalho realizado em conjunto com a Secretaria do Meio Ambiente, e hoje estamos vendo o resultado, através dos contêineres na avenida. Por isso, observamos que as entidades têm participado e têm obtido resposta.
Comemoramos também o sucesso da Rústica contra a Violência Infantil, realizada em outubro, que recebe atletas de toda a região metropolitana e também de fora do estado, que já vai para a nona edição em 2014, sempre realizada com o apoio da cidade. ”Presidente da AAV – Juliana Pereira
“A ACC – Associação Comercial de Cachoeirinha tem muito a comemorar nesses 48 anos de nossa cidade, pois participa ativamente de boa parte do desenvolvimento local há 31 anos, trabalhando em favor dos interesses da comunidade. Hoje a população de Cachoeirinha pode encontrar tudo o que precisa em nossas empresas, produtos e serviços, com qualidade e preço justo, e nossa economia cresce de forma expressiva. Temos a pretensão de atrair moradores de outros municípios para aqui fazerem suas compras, porque acreditamos que a nossa avenida é um grande shopping a céu aberto. Parabéns Cachoeirinha!”
Presidente ACC – André Campos
“Cachoeirinha e a população têm muito a comemorar nesses 48 anos de emancipação. São desafios constantes nas mais diversas áreas. Mas comemoramos a cada dia um novo cidadão que chega para crescer com o município e, em cidadania. Comemoramos os avanços na saúde quando profissionais e usuários vencem pequenas e grandes batalhas. Vibramos com cada criança, que a cada ano se reinventa. Sim, temos muito a comemorar com Cachoeirinha, por onde correndo por estreitas ruas me descobri guri, adolescente, jovem, adulto e homem. Essa jovem senhora segue crescendo atraindo pessoas e empresas.
Progredindo e tendo sucesso. Sim, temos que comemorar os baixos índices de mortalidade infantil e estarmos entre as onze maiores economias do estado. Sim, temos que comemorar e esperar que venha o quadragésimo oitavo aniversário, o quadragésimo nono e muitos outros. E que Cachoeirinha siga crescendo e garantindo cidadania e prosperidade aos seus mais de 120 mil filhos. Parabéns, mãe amada chamada Cachoeirinha!”Prefeito Vicente Pires
10 Motivos para comemorar o aniversário de Cachoeirinha
Cachoeirinha fica situada em um ponto estratégico na Região Metropolitana de Porto Alegre, com acesso facilitado aos municípios vizinhos. A cidade é conhecida por ter um grande distrito industrial e ser sede de grandes empresas de diversos ramos. O município é próspero é apresenta bons números de crescimento. Elegemos 10 motivos para comemorar o aniversário da nossa cidade. Confira.
1. A cidade tem uma das menores taxas de mortalidade infantil da região Metropolitana, o número caiu para 5,5.
2. Segundo o indicador de qualidade do Ministério da Educação (MEC) a Cesuca é a melhor faculdade gaúcha e uma das 20 melhores faculdades do Brasil.
3. Cachoeirinha tem a Reviver, a primeira Comunidade Terapêutica Pública Municipal do Brasil.
4. A cidade tem um pólo industrial muito forte. O Distrito Industrial de Cachoeirinha é um dos principais do Rio Grande do Sul.
5. O Parque Municipal Tancredo Neves, com 17 hectares de área, possui exemplares centenários, como figueiras com mais de 300 anos, além de variados espécimes de flora e fauna regionais, protegidos pela fiscalização. Parte deste parque é destinado ao Centro de Educação Ambiental, que atua na pesquisa e produção de mudas e espécimes nativas e na educação de crianças da rede municipal de ensino.
6. Cachoeirinha está estrategicamente bem localizada, próxima as principais rodovias e vizinha a capital do Estado, fica apenas 18 km do centro de Porto Alegre.
7. Em 2013 a Secretaria Municipal de Educação alcançou ótimos números: 91,93% de aprovação e 2,27% de evasão dos alunos da rede municipal.
8. A cidade está entre as onze maiores economias do Estado.
9. Cachoeirinha tem a 13ª melhor qualidade de vida do Rio Grande do Sul e é a 180ª no Brasil, conforme o Indicador Social de Desenvolvimento dos Municípios (ISDM).
10. Cachoeirinha contribui significativamente para as exportações do Estado, somos o 11º município no ranking das exportações, para geração do PIB, somos o 11º na geração de riqueza e retorno de ICMS, e o 7º em retorno neste imposto.
Mato do Júlio, o marco zero de Cachoeirinha
Quem mora em Cachoeirinha ou tem alguma relação com o município certamente já se perguntou sobre aquela área localizada entre as paradas 54 e 57 da cidade, o famoso “Mato do Júlio”. Mas quem é Júlio? E por que ele tem um mato? Conversamos com o historiador Marcos Monteiro que nos ajudou a desvendar e entender essa história que começou ainda no Brasil Colônia. São cerca de 200 anos que remontam o início da cidade de Cachoeirinha, confira a seguir.
Para entender a história, Júlio Soares herdou as terras do “mato do Júlio” de seu pai, Lydio Baptista Soares, que por sua vez herdou de seu pai, o coronel da Guarda João Baptista, que finalmente, herdou de seu tio, o comendador João Baptista Soares da Silveira e Souza, o primeiro Baptista a chegar por aqui.
Historicamente, Cachoeirinha integra um espaço onde a ocupação portuguesa remonta o período colonial, mas somente nas primeiras décadas do século XIX a região foi ocupada com a instalação da “Fazenda dos Baptistas”. Em 1814, João Baptista Soares da Silveira e Souza, reivindicou uma sesmaria (instituto jurídico português que normatizava a distribuição de terras), na época, ele residia na Aldeia Nossa Senhora dos Anjos. João, que nasceu na Freguesia de Nossa Senhora do Rosário da Vila de Velas, na Ilha de São Jorge, Arquipélago dos Açores, requereu terras em Sapucaia, porém, recebeu uma sesmaria entre o Rio Gravataí, a estrada de Sapucaia, as terras dos Pachecos e o Arroio Brigadeiro, as quais compõem hoje aproximadamente o território e os limites do município de Cachoeirinha.
A partir de 1840, a família Baptista, ao contrário de outras famílias da região, se dedica mais intensamente a construção civil e não tanto a plantar trigo ou criar gado. O Comendador João Baptista destaca-se como empreiteiro em grandes empreendimentos, realiza diversas obras públicas, como o aterro da Praça do Paraíso, a construção da Ponte de Pedra do Riacho (Ponte dos Açores de Porto Alegre), o prédio da Bailante, o Teatro São Pedro, a Casa de Correção e outras obras particulares como o edifício Malakoff, o primeiro prédio de quatro andares de Porto Alegre. A principal obra construída na Aldeia Nossa Senhora dos Anjos foi realizada por volta de 1845, foi a ponte de pedra em estilo açoriano com três vãos sobre o Rio Gravataí, que ligava a propriedade dos Baptistas e toda região a Porto Alegre. Em 1917, a ponte de pedra foi dinamitada pela Companhia de Navegação Fluvial e Lacustre, melhorando a navegação no Rio Gravataí. A pedra que formava uma pequena cachoeira na época de seca que originou o nome da cidade, também foi dinamitada. Oito anos depois foi inaugurada a Ponte de Ferro, a qual daria lugar a uma nova ponte de concreto somente na década de 70.
O Comendador João Baptista Soares da Silveira e Souza foi casado com Maria Baptista Felícia da Silveira e Souza, depois com Joaquina de Jesus. Em 16 de março de 1870, o Comendador João Baptista Soares da Silveira e Souza faleceu sem deixar filhos, legítimos ou ilegítimos, por isso deixou sua fazenda no Vale do Gravataí para usufruto dos seus dois sobrinhos: 2/5 das terras (incluindo a casa dos Baptistas) para o Coronel João Baptista Soares da Silveira e Souza, e 3/5 das terras para o vereador José Baptista da Silveira e Souza, conforme testamento. José foi arrendando, vendendo e fragmentando a sua parte da herança. Entre os que compraram as terras de José destacam-se Alberto Bins (área do Cadop e Irga) e Frederico Ritter (área da Granja Esperança). Pode-se dizer que através dos negócios do sobrinho do comendador e da desfragmentação das suas terras começou lentamente a surgir a cidade de Cachoeirinha.
No ano de 1924, o Coronel João Baptista Soares da Silveira e Souza, herdeiro do comendador, faleceu, porém a execução de seu testamento dependia do trabalho de medição de suas terras, o que ocorreu somente entre janeiro de 1929 e abril de 1934. A partilha da Fazenda dos Baptistas, assim como outras terras próximas que foram adquiridas pelo Coronel João Baptista Soares da Silveira e Souza entre 1872 e 1913, teve seus quinhões definitivamente distribuídos entre seus quatro genros Lydio Baptista, Carlos Wilckens, João Brochado Smith, Francisco Martins e sua filha solteira Melania Vieira Soares.
A formação da Vila de Cachoeirinha, e, posteriormente, a cidade de Cachoeirinha, ocorreu devido ao processo de fragmentação da Fazenda do Coronel João Batista. A parte das terras relativa ao “Mato do Júlio” ficou com o filho Lydio Baptista Soares, que faleceu em 1942, seu filho Júlio Soares, o famoso Júlio, herdou a área. Júlio ficou com as terras até 2002 e com 84 anos faleceu. Após a morte de Júlio começou a sucessão pela sua herança. Júlio tinha quatro irmãos e desde 2003 seus sobrinhos seguem no inventário aguardando a decisão final do juiz.
Depois da morte do coronel João e de José a cidade começou a se fragmentar, houve a formação de pequenos sítios e chácaras e foi se consolidando a estrada de Gravataí, atual avenida Flores da Cunha. As terras do Coronel João davam conta de 80% do município, os herdeiros do Coronel começaram a vender, arrendar e lotear a fazenda, dando origem então a cidade de Cachoeirinha. O município se desenvolveu por causa da ponte, construída pelo comendador, que tornou a cidade a ligação entre Porto Alegre e a maior cidade da região na época, Santo Antônio da Patrulha. A Freeway surge apenas em 1969, então nos anos 60 e 70 acontece o grande boom em Cachoeirinha e Gravataí e as cidades começam a crescer rapidamente.
Você sabia?
• A casa dos Baptistas é a 1ª construção da cidade, que resulta na Vila de Cachoeirinha e posteriormente no município de Cachoeirinha.
• Pode-se dizer que a casa dos Baptistas é o marco zero da cidade e que o município nasce da família dos Baptistas.
• Ao contrário dos açorianos que trabalhavam com a agropecuária, o Comendador e os seus sobrinhos se dedicaram a construção civil.
• São duas gerações de açorianos e duas gerações de descendentes de açorianos, quase 180 anos de ocupação açoriana na cidade. A casa tem pelo menos 200 anos.
• A casa tinha uma senzala, o Comendador João tinha em torno de 80 escravos.
• As quatro primeiras ruas da cidade são: Tupinambá, Papa João XXIII, Tapajós e Tamoio.
• Desde 1997 existe uma ação civil pública no Ministério Público pedindo o tombamento da casa dos Baptistas.
Tombamento
O valor histórico da Casa dos Baptistas é imensurável. Esse local conta a história de quatro gerações de uma família e a história do surgimento de uma cidade. O historiador Marcos Monteiro torce para que a casa seja tombada, para que vire um museu para a região, um equipamento de cultura do município. Marcos lembra que é possível tombar e não perder o direito de propriedade. “O proprietário da casa pode fazer usufruto do local, realizar restauros, mas deve manter as características originais do espaço. Além de contar a história dos Baptistas, essa casa conta a história do nascimento de Cachoeirinha. O tombamento desse espaço é muito importante para preservar a nossa história”, explica.