Texto e foto por Denise de Oliveira Milbradt
Ao descobrir a gravidez, toda mulher em Cachoeirinha, que apresentar uma patologia de risco poderá ser acompanhada por um grupo multidisciplinar do Hospital Padre Jeremias. O programa oferece desde acompanhamento psicológico, nutricional até todos os exames necessários durante o pré-natal. Ao nascer, além do olhar especial às necessidades primordiais da criança, é posto em prática as normas de incentivo a amamentação exclusiva até os seis meses, e a continuidades por dois anos ou mais. A excelência no atendimento, cujas regras foram ditadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e Unicef são seguidas à risca, garantindo à instituição os títulos de ‘Hospital Amigo da Criança (2001) e ‘Casa da Gestante’, conquistado há três anos.
Localizado na rua Lindolfo Wagner, 185 do bairro Parque da Matriz, o Hospital atende 100% via Sistema Único de Saúde (SUS), recebendo uma grande demanda de pacientes vindos de toda a Região Metropolitana. Hoje, contudo, seu perfil materno infantil garante a referência na qualidade do serviço prestado. Mas, nem sempre foi assim. Depois de uma crise administrativa, que culminou com o fechamento da única instituição de Cachoeirinha na década de 90, o Governo do Estado assumiu sua administração. E em abril de 1998, mediante um convênio, a Fundação Universitária de Cardiologia tornou-se a mantenedora. A ordem era mudar tudo, do quadro de funcionários aos serviços disponibilizados à comunidade.
Há 16 anos na Casa, a psicóloga integrante do núcleo do Pré-Natal e do grupo de Incentivo e Promoção ao Aleitamento Materno, Larissa Dias da Silva acompanhou de perto a reestruturação do hospital. Na época, segundo ela, todos os funcionários foram treinados a fim de que toda ação dispensada fosse padronizada. Até hoje eles também são submetidos a reciclagens periódicas, desde o vigia, setor de higienização até o corpo médico. Um dos resultados da opção por esta qualificação veio em 2001, quando se tornaram o 7º Hospital do Estado e o 1º na região a receber o título ‘Amigo da Criança’, reconhecido pelo Ministério da Saúde e Unicef.
Na época um grupo de especialistas passou três dias observando a rotina da equipe. Segundo Larissa, um dos critérios mais importantes foram as ações voltadas ao incentivo do aleitamento materno, que integram as políticas globais de qualidade. “Todos os anos eles voltam a supervisionar nosso trabalho para ratificar o padrão de qualidade”, confirmou.
Maternidade modelo
Recentemente ampliada e na espera da mobília, a maternidade do HPJ oferece atendimento diferenciado aos bebês nascidos na instituição. Além de disponibilizar nas 24 horas do dia um grupo composto por médicos obstetras, enfermeiros e pediatras, o pós-parto é acompanhado de maneira cautelosa. Já nos primeiros minutos de vida, o bebê é estimulado a criar vínculo com a mãe a partir da amamentação, incluindo orientações dos integrantes do corpo médico e administrativo da instituição. Não sendo permitido, dentre outras recomendações, o uso de chupetas, mamadeiras e a oferta de alimentos ao recém nascido.
Outro diferencial é o tempo de internação. O mínimo preconizado pela OMS são 48 horas, mesmo que o parto tenha ocorrido de forma natural. Esse é o tempo necessário para orientar a mãe e garantir qualidade de vida para a criança. Os prematuros ou que apresentarem algum risco de morte são acomodados na UTI Neonatal. Até sua recuperação, o acesso dos pais é ilimitado.
O Hospital conta com 23 leitos no alojamento coletivo, além de 20 na UTI, mas a expectativa é que a infraestrutura seja duplicada após a inauguração dos novos espaços. A previsão é de que aconteça em 2016, prevendo também o oferecimento de outros serviços, além da construção de uma UTI Adulta.
Aleitamento
Lançada, recentemente, pelo Ministério da Saúde a Campanha Nacional de Amamentação deste ano tem como tema “Amamentação. Um ganho para a vida toda” e integra a 22º Semana Mundial de Amamentação comemorada em mais de 170 países no mundo.
Segundo dados do MS, o leite materno é capaz de reduzir em 13% as mortes por causas evitáveis em crianças menores de 5 anos. Cerca de 41% das crianças em 2008 já eram amamentadas até os seis meses de vida e esse número só vem crescendo devido às campanhas.
Zelando pela mãe
Aos 14 anos, a adolescente Jéssica Barreto aguarda com a ansiedade, que lhe é típica da idade, a chegada do primeiro filho. Depois de descobrir a gravidez, ainda no susto, foi acompanhada da mãe numa unidade básica de saúde. Lá, já nos primeiros exames, foi diagnosticada com Diabetes. Considerada uma gestação de risco, passou a ser monitorada por uma série de profissionais no Hospital Padre Jeremias.
Na instituição, conforme a psicóloga Larissa, as futuras mamães passam por uma entrevista e realizam diversos exames para a elaboração de uma espécie de dossiê. Este material servirá como ponto de partida para o acompanhamento desta paciente. Em casos mais críticos, o atendimento é semanal. Neste dia a gestante permanece no hospital das 8h às 13h. Ela é acompanhada por uma nutricionista, que a orientará em relação à alimentação. A psicóloga tenta amenizar os casos de depressão e problemas familiares, que possam ser desencadeados neste período. “A ideia é orientar para que recebam o bebê da melhor forma possível”, adianta.
Nenhuma informação é poupada, desde a primeira menstruação até o histórico de gestações anteriores. Hoje, o grupo é composto por 15 pacientes, mas há capacidade para até 25. As patologias de risco predominantes são gravidez na adolescência, hipertensão, obesidade, infecção urinária, portadoras do vírus HIV, diabetes, depressão, toxoplasmose, dependência química, dentre tantos outros.
Ainda durante a gestação, o grupo multidisciplinar do hospital realiza uma série de palestras de cunho orientador. Nesses encontros, cujos acompanhantes das gestantes são convidados a participar, são abordados assuntos pertinentes as áreas de enfermagem, cuidado com as mamas, aspectos emocionais, vínculo pais e bebê, amamentação, pós-parto. Um dos momentos mais aguardados, todavia, é a reprodução de um vídeo de um parto pelos métodos normal e outro de cesárea.
Vantagens do aleitamento para o bebê
•O leite contém todas as proteínas, açúcar, gordura, vitaminas e água que o seu bebê precisa para ser saudável; •É livre de contaminação e contém anticorpos (vacina natural), o que protege o bebê de muitas doenças e infecções e é de fácil digestão; •Mamar no peito desenvolve adequadamente os ossos e músculos da face, e o alinhamento dos dentes; •Melhora o desenvolvimento psicomotor, emocional e social da criança. •Para a mãe, estimula as contrações do útero, diminuindo o risco de hemorragias. Ajuda a perder peso e diminui o risco de câncer de mama, de útero e de ovário.
Dez passos para o sucesso do aleitamento materno
Passo 1 – Ter uma norma escrita sobre aleitamento materno, que deve ser rotineiramente transmitida a toda equipe de cuidados de saúde. Passo 2 – Treinar toda a equipe de cuidados de saúde, capacitando-a para implementar esta norma. Passo 3 – Informar todas as gestantes sobre as vantagens e o manejo do aleitamento materno. Passo 4 – Ajudar as mães a iniciar o aleitamento na primeira meia hora após o nascimento. Passo 5 – Mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação, mesmo se vierem a ser separadas de seus filhos. Passo 6 – Não dar ao recém-nascido nenhum outro alimento ou bebida além do leite materno, a não ser que tal procedimento seja clinicamente indicado. Passo 7 – Praticar o alojamento conjunto – permitir que as mães e bebês permaneçam juntos 24 horas por dia. Passo 8 – Encorajar o aleitamento materno sob livre demanda. Passo 9 – Não dar bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas ao seio. Passo 10 – Encorajar o estabelecimento de grupos de apoio ao aleitamento, para onde as mães deverão ser encaminhadas por ocasião da alta do hospital ou ambulatório.
Fonte: http://portal.saude.gov.br/