Texto e Foto | Denise de Oliveira Milbradt |
Mais do que uma pigmentação na pele, a tatuagem representa um momento único na vida de quem escolhe abrigar em seu corpo um símbolo, ou mesmo um desenho de alguém especial. O fato é que a técnica vem sendo cada dia mais aprimorada, chegando algumas imagens a serem comparadas com verdadeiras obras de arte. Existem, inclusive, eventos para apurar a velocidade e o talento dos tatuadores. Todavia, se hoje exibir o adorno é sinal de status, há pouco mais de uma década atrás a profissão sofria inúmeros preconceitos e quase foi extinta.
Muitos são os motivos que levam alguém a tatuar o corpo, seja para tapar uma cicatriz, registrar um momento importante na sua vida, o desejo de mudança ou, simplesmente, estético. Não há faixa etária distinta, apenas o desejo de ter a autoestima ainda mais valorizada. O tipo e tamanho da tatuagem também são bastante diversificados e depende do gosto pessoal de cada um. O local escolhido para o desenho é ainda mais pessoal. Todavia, nunca saem da moda os florais e as borboletas.
Quem acompanha de perto a rotina de um estúdio de tatuagem é o cachoeirinhense Ronaldo Naco Ferreira, que há 17 anos trabalha como tatuador. Aliás, os dons artísticos começaram já na infância, quando desenhar fazia parte das suas brincadeiras. Aos 7 anos fez sua primeira História em Quadrinhos, que passou a comercializar entre os amigos. Aos 13 veio virou arte em fachada para a divulgação visual de um comércio local. Desde então não parou mais de buscar o aperfeiçoamento do traço artístico, tendo feito vários cursos na área. Mas, como tatuador, descobriu-se em 1998, aos 18 anos.
Diferente da atualidade, a prática exigiu mais do que uma técnica apurada: persistência para vencer o preconceito social, persistência para adquirir os equipamentos necessários, muito rudimentares para a época. Ronaldo lembra que a profissão já chegou a ser confundida com marginalização e, em 2007, uma emenda constitucional (que tentaram aprovar) quase pôs fim à profissão. A lei tentava impedir que tatuadores fizessem seus desenhos em estúdios ou estéticas, mas sim dentro de clínicas médicas. “A categoria se uniu e provamos que nossa profissão é tão importante quanto qualquer outra”, frisa. (Facebook – Ronaldo Nacotattoo)
Inverno ou verão: qual a melhor época do ano?
Fazer uma tatuagem pode levar de um minuto até 17 horas, dependendo da complexidade e do tamanho da imagem. Tecnicamente, o processo consiste em uma aplicação subcutânea obtida através da introdução de pigmentos por agulhas. Após, a pele estará aberta até completar o processo de cicatrização, ou seja, vulnerável a bactérias. Para evitar desconfortos e obter um resultado ainda mais bonito, o tatuador Ronaldo Naco Ferreira explica que é necessário fazer a limpeza da pele com sabonete antisséptico e aplicado uma camada fina de vaselina no local para intensificar a hidratação. Na sequência usa-se um plástico-filme para proteger a região. Esta será a rotina do novo tatuado nos próximos 12 dias, pelo menos.
Durante este período não é recomendado banho de mar, rio ou piscina em função da região ainda estar em processo de cicatrização e, desta forma, vulnerável a possíveis contaminações das águas. A exposição solar, contudo, deve ser realizada somente após 30 dias e com protetor solar alto. Com todos estes cuidados, tudo indica que a melhor época do ano para fazer uma tatuagem seja mesmo nas estações mais frias. Mas, se você não abre mão de ficar ainda mais belo no verão, apenas siga todas as recomendações dadas pelo profissional. “A tatuagem não deixa de ser um ferimento na pele e deve ter cuidados adequados para que os resultados sejam os mais belos possíveis”, destaca Ronaldo.
V Canoas Tattoo 2019
Realizado nos dias 17, 18 e 19 de maio, no Clube Fenix, o V Canoas Tattoo reuniu tatuadores e apaixonados pela arte. O evento propôs competições em várias categorias, durante 72 horas ininterruptas. Um dos representantes da região foi Ronaldo Naco Ferreira, que participou na categoria realismo, cujo objetivo era justamente desenhar na pele uma imagem o mais parecido possível com o seu original. Neste ano, ele escolheu uma de Ayrton Senna (imagem), um dos seus ídolos. O trabalho durou 13 horas.
Contraindicações
• Diabéticos pelas dificuldades de cicatrização;
• Pessoas em uso de medicação anticoagulante e anti-inflamatório, pois impede a pigmentação adequada do desenho;
• Evitar exame de ressonância magnética nos próximos seis meses em função dos raios de lazer poder queimar a pigmentação da tatuagem;
• Pessoas em tratamento contra o câncer e cardíaco devem pedir recomendação médica.
Algumas dúvidas frequentes
É possível cobrir sinais e cicatrizes? Sim, mas dependerá do tipo de sinais e cicatrizes. Sinais que não resultam em alteração na textura ou coloração escurecida da pele podem ser cobertos com tatuagem (exceto pintas muito salientes). Já quelóide e cicatrizes de terceiro grau precisam ser feitos com profissional qualificado para não agravar o problema ao invés de solucionar.
Qual o tamanho e intensidade da dor? Depende da região. Doer vai doer em qualquer local, mas a intensidade varia com o local da tatuagem. Não é regra, varia de pessoa para pessoa, mas geralmente os locais que mais doem são mãos, pés, costelas, virilha, parte interna do bíceps (próximo das axilas), parte interna das coxas e tíbia (nome do osso da frente da perna logo abaixo dos joelhos).
Cuidados para garantir que a tatuagem não perca a coloração ou fique apagada com o tempo? O primeiro cuidado é do tatuador, que deve usar pigmentos de boa qualidade e não entrar muito profundamente na pele. O restante é com o cliente que deve lavar e cuidar bem durante a cicatrização e manter sempre hidratado e coberto com protetor solar. Isso evita a regeneração excessiva da pele por exposição ao sol. As pigmentações em preto e branco podem durar a vida toda, já as coloridas recomenda-se manutenção a cada 20 anos.
É necessário algum cuidado antes de tatuar? Sim! Escolher um profissional que conheça os procedimentos de pigmentação e, principalmente, barreiras para evitar qualquer contaminação dos equipamentos ou do cliente.