| Carlos Panni
Médico e escritor
É comum o relato de pessoas que perderam a vontade por tudo e para tudo. Perderam o pique. Instalou-se o marasmo existencial.
Isto é preocupante, mas quem não passou por algo parecido em algum momento da vida?
Então, o que fazer?
Urge investigar as causas (geralmente não é uma só!) antes que uma depressão profunda venha agravar ainda mais o débil estado de ânimo. Por vezes o quadro é transitório e determinado por causa(s) específica(s) que, uma vez esclarecida(s) e tratada(s), pode-se chegar ao restabelecimento da vontade de viver e empreender. Outras vezes, no entanto, ou por descuido ou fruto do próprio desânimo, o quadro de letargia pode estender-se e agravar-se de forma catastrófica e até fulminante. Como qualquer outro sinal ou sintoma que esteja causando sofrimento ou prejuízo à qualidade de vida ou a qualquer outro empreendimento, faz-se necessário definir as suas origens.
Mas, será sempre um indício de doença física, mental emocional ou, inclusive, espiritual?
Nem sempre!
Podemos estar precisando rever como estão nossas reservas de energia e no que as estamos empregando. É impressionante constatar o quanto algumas (ou muitas) pessoas consomem suas energias em coisas fúteis, vãs, improdutivas, transitórias…
Pessoas preocupadas com tudo e com todos, muitas vezes com problemas e pessoas quem nem lhes dizem respeito…
Pessoas que catastrofizam tudo, preocupam-se em resolver o irresolvível, em modificar o imodificável, em responsabilizar-se pelo que ou por quem não são responsáveis… Outras se consomem em amarguras, ressentimentos, rancores intermináveis… e aí não há energia que baste… e vem a fadiga, o dasânimo, a frustração… Perdem o brilho, desfazem-se os sonhos… mais vegetam que vivem!
Esta é, pelo que entendo, a causa mais frequente.
Claro que podemos pensar e investigar a anemia, a deficiência de alguns nutrientes, os problemas cardíacos, respiratórios e hormonais com o hipotireoidismo, entre outros.
Pode-se pensar e investigar problemas de ordem psicológica, como ansiedade, fobias e a tão comentada depressão, em seus múltiplos matizes…
Qualquer que sejam as manifestações e suas causas, o que não podemos é viver sem vontade de realizar, sorrir, ir em frente e amar. Isto não é poesia, é condição “sine qua non” para fazermos jus ao direito inalienável de viver e ser feliz!!!