Texto por Denise de Oliveira Milbradt | foto divulgação
As temperaturas subiram, as férias chegaram e a curtição só começou. Praias e balneários recebem um grande público em busca de refresco e a tão almejada pele bronzeada. Mas para obter a cor do verão não é preciso horas de exposição ao sol, pois isso tráz malefícios à pele, como manchas, acnes e câncer (em casos mais graves). Até a imunidade pode ficar prejudicada. Um bronzeamento saudável exige proteção e exposição moderada em horários específicos. Alguns alimentos também podem ajudar, especialmente os que contenham betacarotenos (cenoura, abóbora, espinafre, couve, agrião, acerola, damasco, mamão, rúcula, beterraba, etc), que podem acelerar tanto no processo de aquisição da cor, como auxilia nos efeitos antioxidantes. Não esqueça de ainda evitar os raios entre 10h e 16h.
O alerta não é à toa, afinal, em dezembro de 2014 o Instituto Nacional do Câncer (Inca) divulgou levantamento que apontou o Estado do Rio Grande do Sul como o campeão em câncer de pele, principalmente o do tipo melanoma, o mais grave. E pode ficar ainda pior. A projeção é que cerca de 800 novos casos sejam diagnosticados nos próximos meses. Entre os fatores de risco está o clima sazonal do RS, cujos meses de inverno acabam protegendo a pele, que fica ainda mais sensível quando é submetida aos raios solares na estação mais quente do ano. A constituição étnica da população é outro índice agravante, pois 83% das pessoas são de pele branca, a mais suscetível à doença.
Para a dermatologista Vivian Bisotto, a exposição excessiva à radiação ultravioleta induz à queimadura solar e reações de fotossensibilidade, envelhecimento precoce e imunossupressão, além de estar envolvida na indução e desenvolvimento do câncer de pele. E este efeito do sol é cumulativo, ou seja, ao longo dos anos, aquela exposição indevida feita na infância e adolescência, vai trazer prejuízos a pele a partir da segunda ou terceira década de vida. “Manchas, rugas, flacidez facial, transformação maligna de nevos (sinais de pele) são alguns dos sinais de alerta que você poderá desenvolver, muito em breve, um tipo de câncer de pele”, aponta.
Segundo a especialista, a pele é um órgão muito mais complexo do que aparenta. Sua função principal é a proteção do organismo das ameaças físicas externas. No entanto, também tem funções imunológicas (defesa), metabólicas (produção de vitamina D) e é o principal órgão de regulação de calor, protegendo da desidratação. Por isso, segundo ela, é imprescindível seguir algumas orientações para manter a saúde da pele e, consequentemente, do corpo como um todo.
Cuidado nunca é demais. As regras são as mesmas em se tratando de sol: abuse dos protetores solares UVA/UVB de, no mínimo, FPS 30, meia hora antes de expor-se. Reaplique o produto a cada quatro horas e em crianças, a partir dos seis meses de vida, a recomendação é FPS 50 hipoalergênico. Beber muita água e fazer uma alimentação equilibrada é sempre bem-vindo. “Abuse dos tradicionais hidratantes corporais e procure um dermatologista para orientá-lo adequadamente”, complementa Vivian.
DICAS PARA NÃO SOFRER NESTE VERÃO
Tome banho frio – Ele fecha os poros e impede que a pele fique muito oleosa, além de ter efeito calmante sobre a pele.
Atenção ao sabonete – -Use sempre o sabonete mais indicado para o seu tipo de pele, geralmente indicado pelo seu médico.
Hidratar é fundamental – -Hidrate a pele sempre após o banho, pois a pele ainda úmida, absorve melhor as propriedades hidratantes dos cremes. A pele que já é normalmente seca tende a ficar muito ressecada após ser exposta ao sol e, para elas, a dica são os cremes a base de ureia e amêndoas. Para as peles oleosas, existem cremes hidratantes específicos.
Óleos, nem pensar – -Não use óleos durante o verão, eles são mais indicados nas estações mais frias. Quando a pele já está descascando ou descascada, precisa ser hidratada. Essa hidratação deve ser feita com creme e com a ingestão de líquidos (água, sucos naturais, chás).
Rosto sempre jovem – Cuide do rosto com o uso diário de um protetor solar facial, sabonete e hidratante específicos para a área também. É muito importante que esses produtos sejam indicados por um dermatologista de acordo com o seu tipo de pele.
Sol sem proteção para produção de vitamina D?
Sem dar trégua neste primeiro mês do ano, o sol é muitas vezes chamado de vilão. Com razão: os raios ultravioletas emitidos por ele causam queimaduras, envelhecimento e até câncer de pele. Porém, quando não tomamos sol, não produzimos vitamina D, uma substância dificilmente encontrada em alimentos, essencial para a saúde dos ossos: sem ela, eles ficam mais frágeis e aumenta o risco de fraturas e doenças como artrite reumatoide, artrose e osteoporose. Ainda assim, nem sempre há consenso entre os especialistas quanto ao banho de sol. Para a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a exposição aos raios solares deve ser evitada, principalmente no verão. De acordo com a entidade, nos primeiros meses do ano, boa parte do território brasileiro recebe radiação solar em um ângulo próximo a 90 graus em relação ao horizonte, o que coloca o Brasil como um dos países com maior insolação do mundo.
Para alguns médicos, mesmo com o filtro uma pessoa recebe naturalmente a quantidade de raios necessária para produzir vitamina D.
Por outro lado, muitos endocrinologistas defendem uma exposição curta e sem filtro, ao menos três vezes por semana, nos braços e pernas. Todavia, estudos recentes mostram que o uso regular de protetor solar não impacta na produção desta vitamina.
A dermatologista Vivian Bisotto lembra que os especialistas diferem quanto ao horário de produção da vitamina D, que é sintetizada no organismo com a exposição aos raios UVB, presentes em maior intensidade nos horários mais inadequados. ”Esta é uma dúvida comum entre os pacientes. A produção de vitamina D pelo organismo, no entanto, é variável de pessoa para pessoa. E também não precisamos expor todo o corpo nestes horários para sintetizá-la. Apenas braços ou pernas são o suficiente de 5 a 30 minutos 2 vezes por semana em média, de acordo com a necessidade individual de cada paciente e idade”, informa.