Um dos métodos contraceptivos mais desprezados pelas mulheres, apenas 2% delas opta por usá-lo de acordo com dados do Ministério da Saúde, o Dispositivo Intrauterino (DIU) pode ser muito eficiente e prático. Além de estar cercado de preconceito, ele pode ser colocado de forma segura tanto via Sistema Único de Saúde (SUS), quanto pela rede particular. Especialistas da área médica acreditam que o produto tende a popularizar-se em breve, principalmente depois que a Organização Mundial da Saúde recomendou o uso de contraceptivos sem hormônios.
O DIU é um aparelho pequeno e flexível, em formato de T, que é colocado dentro do útero em procedimento no consultório médico. Atua em diferentes etapas do processo reprodutivo: desde tornar difícil a passagem do espermatozoide até prevenir a implantação do óvulo na parede uterina. Logo após a colocação, pode haver uma sensação de desconforto, seguida de cólicas e sangramentos. Mas geralmente é passageira.
Ele é recomendado para mulheres de qualquer idade, a menos que estejam grávidas, tenham malformações uterinas ou distúrbios como miomas, infecções pélvicas, suspeita de câncer genital ou sangramento anormal. Também é excelente para quem não pode fazer uso de método hormonal. Diferentemente do que se costumava pensar, não é exclusivo para quem já teve filho e não há restrição para mulheres após o parto.
A colocação do DIU está prevista na maioria dos planos de saúde, o SUS oferece a inserção gratuita (de cobre). Mas, com a alta demanda, pode estar em falta. Em alguns casos, é a própria paciente que busca o dispositivo e leva até o médico. O custo vai de RS 200 (de cobre) a R$ 700 (hormonal).
Aprendendo a viver com o dispositivo
No começo, o desconforto pela colocação é seguido de cólicas e sangramentos. Embora o período total de adaptação seja de 180 dias, é normal que o organismo se regularize após cinco ou 15 dias. As cólicas menstruais podem durar até o sexto mês, sendo tratados com analgésicos e anti-inflamatórios, que inibem o hormônio responsável pela cólica. Se passado esse período persistir a queixa de acne ou oleosidade na pele, o ideal é fazer uma nova visita médica e reavaliar o uso do produto.
Por tratar-se de um corpo estranho no organismo, aconselha-se a checagem periódica para detectar se houve algum deslocamento, que possa comprometer a sua eficácia. O risco é maior após a colocação pela probabilidade de ser rejeitado pelo corpo (o que ocorre como exceção, se não estiver na posição certa). Por isso, é preciso fazer exames de manutenção nos três primeiros meses. Ao fazer o exame especular para coleta de exame citopatológico, seu ginecologista pode verificar a presença dos fios.
Com ou sem hormônio?
Existem dois tipos, o de cobre e o hormonal. O mais comum é o de cobre, que torna difícil a passagem do espermatozoide e previne a implantação do óvulo na parede uterina. O DIU hormonal libera gradualmente doses baixas de hormônio, também impedindo que o espermatozoide encontre o óvulo. Por ser hormonal, há diminuição de fluxo e duração das menstruações.
A validade da eficácia do DIU de cobre pode chegar a 10 anos, enquanto o hormonal dura cinco. Mas, se você quiser retirar antes, não há problemas. O ideal é esperar seis meses, pelo menos – tempo em que os efeitos ainda estão se adaptando ao seu corpo. Depois disso, pode ser retirado no consultório, tracionando o dispositivo pelos fios deixados visíveis. Caso eles não sejam alcançados, pode ser necessária a sedação ou retirada em bloco cirúrgico. Aumento do fluxo menstrual, sangramento irregular e cólica, principalmente no período menstrual, são mais comuns com DIU de cobre. Já o DIU hormonal pode deixar a paciente sem menstruar (amenorreia), com sangramento em pequena quantidade, e propiciar aparecimento de acne e aumento da oleosidade da pele.
Vantagens – Em relação à pílula, o DIU tende a provocar menos efeitos colaterais como dores nas mamas, edemas, falta de libido e dores de cabeça e não necessita de manutenção mensal. Além disso, a taxa de gravidez é baixa: varia entre 0,2 para o hormonal e 0,8 para o de cobre e 0,2 – a pílula tem 0,3%, e a camisinha, 2%, segundo a OMS.