| Prof. Saul Sastre
Diretor de Administração e Finanças do Daer
Doutorando em Administração
Estávamos em uma instituição de ensino que nos abrigaria por todos os dias, vinte e poucas pessoas em uma missão pela Europa. Era o primeiro jantar, comida típica Alemã, regada a cerveja Weiss e divino vinho tinto seco. A recém havíamos assistido uma palestra sobre contextualização econômica mundial, tudo traduzido do Alemão para o Espanhol. Apesar das dificuldades com a língua estávamos ávidos por informações e novidades, felizes por estar ali em clima de comemoração, mas a lição estava muito além das palavras.
Abrimos todas garrafas possíveis e impossíveis, vários brindes e comilanças. No final deixamos repousando na mesa pratos e copos, meio cheios ou meio vazios e fomos descansar, afinal tinham sido mais de vinte e quatro horas de viagem.
No dia seguinte, saímos cedo em direção da estação do trem e passamos perambulando e nos ambientando com a cultura. Quando voltamos, antes do jantar, mesa posta e um sermão constrangedor sobre o desperdício de comida e bebida na noite anterior. Os Alemães passaram muita fome e necessidades e por isso, permitem que se coma e beba à vontade, todavia, o que for colocado no prato ou no copo deve ser consumido. Não toleram sobras.
A partir daquele momento, começamos a nos policiar. Antes de abrir uma garrafa de vinho, contávamos se teríamos parceiros para consumi-la por inteiro. Nada, nem uma gota da preciosa cerveja ou vinho poderia restar. Nenhuma Salsicha Bock ou Chucrute deveria ficar pela metade. Pratos e copos limpos que depois seriam retirados das mesas e acondicionados em um balcão móvel. Talheres para um lado, restos orgânicos “incomíveis” tais como guardanapos despejados em uma bacia, pratos raspados para outro lado e copos sem gotas abaixo. Tudo ordenado, para posteriormente serem lavados.
Para todos foi uma lição importante a se importar para o Brasil, que não se importa em transbordar pratos e copos com sobras. Um paradoxo, quando pensamos que eles são os ricos que não desperdiçam e nós os pobres que jogam comida e bebida fora. Hoje em dia, em casa, quando alguém deixa alguma coisa no prato, eu digo: “Olha os Alemães…”