| Eveline Juswiak – psicóloga
CRP 07/20725
Vivemos nesse ano um período conturbado de eleições. Conturbado, principalmente, no âmbito das relações interpessoais. Ouvi muitas pessoas em meu consultório falando sobre esse tema, preocupados, indignados, temerosos, e relatando diversos conflitos com amigos e familiares. Acredito que você leitor tenha vivido algo parecido. Sejam as relações por meio de redes sociais, ou relações íntimas com parceiros ou familiares próximos. Ouvi pessoas que “quebraram” relacionamentos, ficando sem falar com pessoas, terminando relacionamentos amorosos por divergências. Fica para mim a pergunta: o quanto estamos dispostos a ouvir o que o outro tem a dizer?
Muitos desses conflitos se deram por discordâncias e falhas graves na comunicação, onde as pessoas ficaram presas em suas ideias e sem a mínima disposição de ouvir o argumento do outro. Muitas discussões foram carregadas de pré-conceitos, o que impossibilita uma conversa equilibrada e de troca. Outras cheias de julgamentos e com faltas de argumentos inteligentes, o que torna a conversa agressiva e superficial. O que ganhamos ou perdemos com isso? Deixamos de crescer intelectualmente e abrimos um abismo entre nós e as pessoas que pensam diferente.
Isso pode acontecer em diversas esferas, não só na política. Muitas vezes parece que ao tentarmos defender nossa ideia, não podemos nem ouvir caso ela seja divergente da nossa, o que acaba com o princípio do diálogo, ferramenta tão importante para os relacionamentos. Parafraseando Mário Sérgio Cortella, ao invés de termos duas pessoas em um diálogo, se tornam dois discursos, e quando vira discurso não há espaço para ouvir o outro.
Sei que parece algo óbvio, mas precisamos parar para ouvir o que o outro tem a dizer, pelo simples respeito e valorização da pessoa que está se relacionando conosco. Ouvir não é o mesmo que concordar, e torna mais leve uma discussão.
Se pensarmos nas construções científicas, elas só são possíveis pelas discordâncias. É através do questionamento de uma teoria que surge outra, fazendo com que haja uma evolução do pensamento. Então, porque não pode ser assim nas nossas relações pessoais?
Ouça com curiosidade, se desarme de suas preconcepções. Você pode ter sua opinião, mas ouça o outro com empatia e abertura, ouça o outro como gostaria de ser ouvido.
Ao falar, fale baseado na tolerância ao invés de basear-se na acusação e ataque. Fale respeitando o que o outro pensa, por mais que pra ti pareça estupidez. Fale sem tentar convencer a qualquer custo.
Se seguirmos o simples princípio de tratar o outro como gostaríamos de ser tratados, já teremos muito mais respeito e leveza nas relações. Seja nas discussões políticas, religiosas, futebolísticas, ou em qualquer outra ideia onde possa haver divergências.
Valorize o outro como gostaria de ser valorizado!