• Por Ricardo Lodeiro | Cirurgião Plástico | CRM 18066
Reinado do fascínio estético, a Cirurgia Plástica permeia os desejos de muitas pessoas – homens e mulheres – transitando em um momento pelo terreno da realidade, em outro pelos campos da imaginação.
Fruto da natureza humana, que nos torna eternos insatisfeitos, o desejo de melhorar algo em nós mesmos nutre nossa busca por este objetivo.
Na sociedade moderna, com estímulos intensos idolatrando o perfeito como uma necessidade básica, torna-se muito difícil encontrar as fronteiras entre o adequado e o exagero.
Pelo fato de abordar os sonhos e desejos ligados à autoestima, o campo da estética passa a representar fonte de alegrias e decepções. Nem sempre estes sentimentos mantêm relação tão clara com o sucesso ou não de procedimentos realizados.
Por estas razões, hoje trago para os leitores desta revista a possibilidade de obter esclarecimentos em linguagem clara e simples, mas sempre atento a verdades científicas. Procurarei fazer a tradução do “mediquês” para uma forma mais fácil de ser compreendida, tentando reduzir a diferença entre o que se fala e o que se entende, criada pelo vocabulário científico puro.
Sempre frisei e ainda permaneço convicto na ideia de que a satisfação de um (a) paciente com o resultado de uma cirurgia plástica ou tratamento estético deve-se fundamentalmente à distância entre o desejado e o obtido.
Explico: os resultados de praticamente todas as cirurgias plásticas dependem em sua maior parte de técnicas adequadamente aplicadas, sobrando um espaço limitado para dons artísticos. Este espaço existe, mas não tão grande como muitas vezes parece aos olhos leigos. Algumas vezes, são esperados resultados que jamais poderiam ser alcançados, mas a falta de entendimento sobre este fato faz o(a) paciente culpar o cirurgião pelo insucesso.
Vejamos bem: se a espera foi muito maior do que o retorno, isto gera decepção. O mesmo caso, se esclarecidas as limitações e riscos, frente ao mesmo resultado haveria o entendimento de que o que podia ser feito, foi. E que fatores da natureza impediram que o cirurgião obtivesse algo mais, mesmo com todo esforço empregado.
Nunca se deve usar esta argumentação para eximir de culpa aquele que incorre em negligência, imperícia ou imprudência: a medicina deve ser rígida com seus “sacerdotes”, para que seja sempre considerada uma forma de ajudar os pacientes.
E a Cirurgia Plástica nunca deveria se afastar do conceito de “ato médico”, embora vejamos muitos exemplos e casos de mercantilização desta e “vendedores” agindo por vezes baseados em uma ética comercial pífia e mercenária.
Um momento crucial nos primeiros contatos paciente-cirurgião é o estabelecimento da confiança. É preciso que ambos se ouçam e falem. Esta alta qualidade de tratamento humano, junto com uma formação técnica apurada e com alto grau de sensatez são a fórmula que todos os candidatos e candidatas a cirurgias plásticas deveriam procurar.
Esta busca pode ser longa, pois “cada sapato tem seu pé” – dito popular que aqui se aplica para ilustrar que algumas vezes pode ser muito útil investir na fase da procura.