O trabalho desenvolvido pelas mulheres é muito rico, justamente por serem líderes e empreendedoras diferentes. É essa diversidade que abre espaço para a inovação e a criação. É a divergência das ideias e opiniões que faz o grupo brilhar. Aliás, brilhar é o que essas mulheres conseguem facilmente. Dados do Sebrae afirmam que as empresas individuais que têm as mulheres no comando aumentaram mais de 50% em 12 meses, passando de 10,3 mil em fevereiro de 2013 para 16,6 em janeiro de 2014.
Texto por Roselaine Vinciprova | Foto Frederico Mombach
Prestes a completar seu primeiro ano de atividades em outubro, o Núcleo das Mulheres Empreendedoras da Associação Comercial de Cachoeirinha reúne 30 integrantes de diferentes profissões, personalidades fortes e muita determinação em fazerem seus negócios prosperarem. As reuniões de trabalho que acontecem a cada 15 dias são baseadas na metodologia e ferramentas do Programa Empreender. “Trabalhamos em cima de um diagnóstico empresarial onde são identificadas as principais dificuldades do dia-a-dia da mulher empresária, a partir das conclusões do grupo elaboramos planos de ações para superar esses desafios”, revela Bárbara Azeredo, consultora coletiva da Associação Comercial de Cachoeirinha.
Dados do Sebrae afirmam que as empresas individuais que têm as mulheres no comando aumentaram mais de 50% em 12 meses, passando de 10,3 mil em fevereiro de 2013 para 16,6 em janeiro de 2014. Uma pesquisa realizada pela EY20 coloca o Brasil como o maior país na proporção de empreendedorismo feminino entre os integrantes do G20. As mulheres são responsáveis por 52,4% dos negócios com até 42 meses de criação, um número que, pela primeira vez, coloca elas à frente dos homens na abertura de empresas.
O Núcleo das Mulheres Empreendedoras cresceu rapidamente graças a sua multissetoriedade. Foi o primeiro no Estado constituído utilizando essa metodologia, com o apoio das Federações das Associações Comerciais do Rio Grande do Sul (Federasul) e de Santa Catarina (Facisc). Cada mulher traz consigo sua experiência de vida, seus anseios, desejos e, sobretudo, uma capacidade ímpar de lidar com diversos temas e tarefas. Quanto mais desafiadora a tarefa, mais motivador é para se chegar a uma solução. “Elas são independentes e conseguem organizar uma tarefa de maneira objetiva e assertiva. Essa é a característica primordial de um trabalho em grupo”, comemora Bárbara.
Segundo o Santander Brasil, as mulheres são as maiores tomadoras de financiamento de sua carteira de microcrédito — voltado para pequenos negócios, com faturamento máximo de até R$ 120 mil por ano. Elas respondem por 69,5% dos 125 mil clientes ativos. É uma carteira que cresceu 20% ao ano, nos últimos três anos.
Para o Presidente da Associação Comercial de Cachoeirinha, a criação do Núcleo das Mulheres Empreendedoras trouxe um novo fôlego para a entidade. “Em uma economia cada vez mais dinâmica, ser inovador e pensar diferente é primordial para a competitividade de qualquer negócio. A cooperação entre as empresas é uma forma de torná-las mais competitivas em um mercado muito disputado. Por meio de parcerias, é possível fortalecer o poder de compras, compartilhar recursos, combinar competências, trocar informações, ideias e conhecimentos”, revela. André Campos comemora também a criação do primeiro Núcleo de Contabilistas do Estado. “Temos dentro da Associação Comercial de Cachoeirinha a promoção do associativismo na prática, com duas iniciativas pioneiras no RS que estão gerando resultados para os negócios locais e o desenvolvimento econômico”, enfatiza.
O trabalho desenvolvido pelas mulheres é muito rico, justamente por serem líderes e empreendedoras diferentes. É essa diversidade que abre espaço para a inovação e a criação. É a divergência das ideias e opiniões que faz o grupo brilhar. Aliás, brilhar é o que essas mulheres conseguem facilmente. Mesmo com as roupas padronizadas na cor preta, onde comparecem em todos os eventos e palestras, cada uma traz consigo sua beleza, simpatia e magia. São mães, filhas, esposas e guerreiras que juntas sabem que podem mais. Linda Rottenberg, fundadora do Instituto Endeavor, a maior ONG de empreendedorismo do mundo, atesta que o que difere a gestão masculina da gestão das mulheres é que elas encaram desafios adicionais, incluindo a percepção de que podem ser boas como empresárias, e já começam a desafiar suas próprias realidades, associando suas competências ao aumento de escala do negócio.
O Núcleo de Mulheres Empreendedoras conta com um calendário de atividades onde são trabalhadas ações a curto prazo nas áreas de gestão de pessoas, gestão financeira, gestão comercial e marketing. A longo prazo, querem ser referência em associativismo, empreendedorismo e inovação em nossa cidade e exemplo para o Rio Grande do Sul.
Dois importantes eventos já foram promovidos e patrocinados pelo Núcleo de Mulheres Empreendedoras: a 1ª Confraria de Negócios e o Bom dia Associado de Março com a palestrante Simone Leite. A integração entre as próprias participantes e a formação de uma rede forte que seja percebida pela sociedade também é uma das metas. Todas as empresas afirmam que após participação no Núcleo aumentaram suas vantagens competitivas no mercado e a sua visão sobre o negócio. Além disso, elas têm acesso a capacitação e consultoria gerencial e técnica a custos menores, possibilidade de realização de compras e vendas em conjunto, participação em feiras, missões, cursos e eventos com maior regularidade e menor custo, acesso e ampliação de mercados, realização de marketing de rede, aprimoramento tecnológico de processos, participação em projetos sociais, ganhos de qualidade, produtividade e competitividade.
Para André Campos, a Associação Comercial de Cachoeirinha ganhou conquistas importantes com o fortalecimento do núcleo, como melhoria da representatividade, aumento do quadro social, crescimento da demanda por serviços da entidade, fortalecimento da cultura associativista, profissionalização do quadro funcional, e participação pró-ativa no desenvolvimento local e regional.
Para a consultora Bárbara Azeredo o trabalho junto ao Núcleo tem sido desafiador e emocionante ao mesmo tempo. “Todas elas prezam muito pelo aprendizado, querem se desenvolver como líderes e buscar a sustentabilidade e equilíbrio dos seus negócios. O Núcleo está em evolução. Elas hoje são amigas, cúmplices, parceiras de negócios, onde compartilham suas ideias, mas também suas histórias de vida”, revela Bárbara. Essa é a história de 30 mulheres que está sendo escrita de uma forma diferente. Unidas por um bem maior de crescer e prosperar sem perder a doçura, a beleza e o amor. Dentro de pouco tempo poderão dizer que são como aquela descrita por Cora Coralina, ‘eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores’.
HISTÓRIA – Os núcleos setoriais surgiram na Europa, especialmente na Alemanha, a partir da idade média. Os artesãos, artífices que executavam trabalhos manuais como marceneiros, pedreiros e panificadores, sentiram a necessidade de se organizar para representar os seus interesses junto ao governo municipal.
No Brasil, os núcleos setoriais surgiram em 1991, fruto de um projeto de cooperação entre a Câmara de Artes e Ofícios de Munique e Alta Baviera, e as Associações Comerciais e Empresariais de Santa Catarina. O modelo alemão foi adaptado à realidade brasileira, permitindo, assim, um trabalho mais participativo e orientado pela demanda dentro das entidades empresariais. A partir dos resultados gerados, foi implementado o Projeto Empreender, parceria da CACB – Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil e Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, levando a ideia dos núcleos setoriais para todos os Estados da União. O Projeto Empreender é um dos melhores programas do mundo voltado para o fortalecimento de micro e pequenas empresas pelo International Chambers of Commerce – ICC.