| Dra. Patrícia Panni
CRM/RS 27244
Que a dengue é uma doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que apresenta 4 sorotipos distintos — DENV-1 ao DENV-4- e que todos podem causar a doença, provavelmente já é sabido por todos.
Que a dengue é uma doença que pode ter nenhum, ou quase nenhum sintoma, até febre alta, manchas no corpo e hemorragia, podendo levar a morte, também não deve ser nenhuma novidade.
Que hoje já temos uma vacina que protege contra a dengue – já foi divulgado em inúmeros meios de comunicação para conhecimento de todos;
O que talvez você não saiba ou não tenha prestado atenção é que a vacina não só protege contra a primeira infecção mas, principalmente, reduz os casos graves de dengue, assim como internação e morte.
Podemos nos questionar: porque fazer uma vacina que demora a ter uma proteção, que são necessárias três aplicações e que mesmo assim podemos ser infectados pela dengue?
Lembre-se:
– A vacina protege 52% das pessoas na primeira infecção, mas tem uma proteção de 81,9% para aquelas pessoas que já tiveram dengue.
– A vacina tem uma eficiência de 65,6% na redução de sintomas da dengue, 93,2% na redução de dengue grave, 92,9% na redução de dengue hemorrágica (OMS) e reduz 80,8% os casos de internação por dengue.
– É uma vacina segura, tendo como maior efeito colateral a vermelhidão e dor no local da aplicação da vacina.
– são três doses em intervalos relativamente longos, que é indicada para pessoas de 9 a 45 anos, exceto em gestantes, mulheres amamentando, pessoas com imunodeficiência, ou que tiveram um evento grave com dengue anteriormente.
A decisão de se vacinar leva em consideração diversos fatores. Sabemos que existem estudos para novas vacinas, inclusive aqui no Brasil, que poderão ser melhores, mais efetivas e mais eficazes que a que temos hoje. No momento de decidir, é importante refletir: Vale a pena esperar? Ficaríamos sem um carro, apenas pela expectativa de surgir um novo, mais moderno, mais econômico? Doenças não marcam hora, não mandam avisos para que possamos agir. As atitudes devem ser tomadas antes. O verão está chegando e, com ele, os focos do mosquito e, possivelmente, novos surtos.
Mas o fator mais relevante ainda é o custo das vacinas. Sabemos que nesse momento é importante refletir sobre esse investimento. Quanto custa a vacina? Quanto custa estar doente/ hospitalizado? Quanto custa perder um ótimo negócio, uma viagem, uma prova? Quanto custa perder uma vida? Quando se trata da segurança e do bem-estar da nossa família, não podemos contar com a sorte. A prevenção sempre será a melhor solução. O problema não pode e não deve ser a vacina e sim a doença que ela evita.
No momento de decidir, invista naquilo que realmente vale a pena.
Invista na saúde de quem você mais ama. Inclusive você!!!
4 motivos para tomar a vacina
1. O quadro clínico da dengue tende a ser mais grave a cada infecção recorrente; assim, se você já a teve uma infecção, mesmo que leve e tiver uma nova exposição, ela provavelmente será mais grave que a primeira;
2. Não é incomum as pessoas não saberem que já tiveram dengue por duas razões: por que tiveram a infecção subclínica (sem sinais e sem sintomas – até 75% dos casos), e pelo fato da facilidade com que a dengue, principalmente nas formas brandas, pode confundir-se com outras viroses febris agudas;
3. Não é possível prever com segurança a evolução para dengue grave, que pode se instalar sem a presença de sinais de alerta;
4. O mosquito não respeita fronteiras e existe em todos os lugares do mundo. Assim, uma pessoa pode ser infectada pela dengue na sua Lua de Mel no México, em uma viagem a trabalho em São Paulo, nas férias em família no Nordeste. Um mosquito Aedes não infectado pode picar esta pessoa e, a partir daí, passar a ser um transmissor do vírus da dengue.