| Rosane Castro
Escritora e Narradora
de Histórias
Sinto-me provocada a pensar mais sobre o nosso papel como pais e professores nesse momento histórico. Um momento marcado pelo advento da tecnologia, onde a sociedade está conectada a muitas informações e, portanto, exige do nosso cérebro um exercício contínuo e rápido para a absorção de tantos conteúdos.
Saímos da Era Analógica e entramos com a Era Digital, que se expande a cada dia e apresenta novas possibilidades de interação. Inclusive, fica difícil acompanhar tantas novas ferramentas e práticas. No entanto, percebo que devemos estar atentos quando o assunto é leitura. Acompanhar o processo de desenvolvimento de crianças e jovens que nasceram com a tecnologia touch screen, é um desafio.
Iniciei minha comunicação digital através de um Blog. Nele colocava textos e reflexões sobre o cotidiano. Depois, senti a necessidade de ter um site para servir de portfólio profissional e continuar minha saga pela comunicação digital. Além das informações escritas, coloco fotos de trabalhos e links correspondentes. Mas, foi através de um canal do You tube que comecei a perceber que o público infantil e juvenil começou a demonstrar mais interesse.
Recentemente, estive em uma escola para conversar com alunos do 3º ano do Ensino Médio sobre o livro Quarto de despejo, da Carolina Maria de Jesus. Usei muitas imagens e vídeos para contextualizar o período histórico, o local onde ela morava com os filhos, a lida diária da mulher catadora de lixo. Contei partes da história oralmente e apresentei o livro lendo trechos que foram separados previamente. O resultado de unir as várias linguagens (oral, escrita e tecnológica) resultou no interesse dos alunos pela obra. Vários saíram da atividade dizendo que iriam ler o livro e pesquisar sobre a história dessa mulher que se transformou em uma das maiores referências da literatura no mundo.
Cléo Bussato, em seu livro “A arte de contar histórias no Século XXI – Tradição e Ciberespaço”, apresenta um panorama histórico desde o surgimento da escrita que nos faz perceber o processo de evolução das linguagens e nosso olhar sobre futuro, principalmente, para o futuro dos leitores e suas leituras.“Durante séculos, o conhecimento, as histórias e as emoções contavam apenas com a ajuda de Mnemósine, a mãe das musas. A memória ocupava um papel tão significativo na sociedade, a ponto de ser sacralizada pelo homem, que criou uma deusa só para protegê-la. Posteriormente, Mnemósine dividiu o espaço com Tot e a palavra escrita fez história… As últimas décadas do século XX lançaram a luz sobre os novos suportes para a palavra escrita. Novamente o texto rola, não mais através do volumen, mas pelo écran, a tela do computador, um rolo eletrônico, acionado pela barra de rolagem, e nesse processo de transformação e descoberta de outras possibilidades chagamos ao e-book, o livro digital”.
Prefiro o livro físico ao livro digital. Gosto de folhar as páginas, cheirar, colocar na estante junto a outros títulos e autores que aprecio. Mas, estou atenta as inovações e aos novos modos de leitura. Ler sempre.