Texto por Kamyla Jardim
Culturalmente, o leite é um alimento básico e fundamental na dieta diária. Desde pequenos aprendemos a importância de sempre consumir o leite de vaca, por ser um alimento rico em vitaminas A, D e B12, fósforo, magnésio e ser o principal alimento com fonte de cálcio. Tudo isto é ótimo para o organismo, em especial o cálcio, que fortalece a formação. É sabido que a partir dos 30 anos, perde-se massa óssea e, por isso, numa idade mais avançada, o indivíduo fica sujeito a fraturas devido a casos de osteoporose. Entretanto, diversas pesquisas e divergentes opiniões de profissionais da saúde estão transformando o leite em um alimento polêmico. Afinal, devemos continuar consumindo o leite de vaca?
Segundo a nutricionista Gisele Silveira, é inegável que o mineral mais abundante, o cálcio, dá ao leite um grau de importância na dieta da população em geral, porém ele também está presente em outros alimentos, como vegetais verdes escuros, sementes e oleaginosas. Gisele revela que o consumo do leite tem sido questionado pelo seu alto poder alergênico em função das proteínas, que são de origem animal e contribuem para o crescimento, principalmente, das crianças.
“A eliminação do leite na dieta humana se justifica pelo número cada vez maior de pessoas intolerantes ou alérgicas. Na maioria dos mamíferos, a atividade da enzima lactase (a lactase é a enzima responsável pela quebra da lactose) diminui na parede intestinal após o desmame, caracterizando a hipolactasia primária que provoca sintomas de intolerância à lactose. A intensidade dos sintomas de distensão, flatulência, dor abdominal e diarreia variam, dependendo da quantidade de lactose ingerida, e aumentam com o passar da idade”, afirma a nutricionista.
Existe uma grande variabilidade de sintomas entre os pacientes com intolerância à lactose. Os fatores responsáveis por esta variabilidade incluem a osmolalidade e o conteúdo de gordura do alimento, no qual o açúcar (a lactose) é ingerido, o esvaziamento gástrico, a sensibilidade à distensão abdominal, o trânsito intestinal e a resposta do cólon à carga de carboidrato.
De acordo com Gisele, os estudos epidemiológicos mostram que as populações dependentes, nos seus primórdios, da pecuária, muito mais do que da agricultura, e grandes consumidores de leite e laticínios em geral, apresentam menor prevalência de intolerância à lactose, em relação àquelas que dependeram mais da agricultura para sobreviver.
A inclusão do leite de vaca normalmente se inicia na dieta das crianças com mais de um ano de idade, pois, antes disso, o sistema digestivo é imaturo para os nutrientes deste alimento. Entretanto, pesquisas revelam que é cada vez maior o número de pessoas com as mesmas dificuldades de digestão do leite como os bebês. Segundo a Associação Americana de Gastroenterologia e Nutrição, 85% da população adulta tem algum grau de intolerância à lactose, o açúcar do leite.
A nutricionista Gisele defende sempre o aspecto da individualidade bioquímica de cada um no momento de optar pelo consumo ou não do leite de vaca. “Diante dos dados, percebemos que muitas pessoas têm usado o leite mesmo sem capacidade para digeri-lo. No caso de intolerância ou alergia, não há consumo adequado, o indivíduo deve realmente excluir o leite da dieta. Porém, se não apresenta nenhum dos problemas, na vida adulta, o consumo de dois copos de leite ao dia já são suficientes para atingir a quantidade de cálcio necessária”, afirma a nutricionista.
Sobre a utilização do leite de soja na substituição do leite de vaca, Gisele revela que não defende o primeiro alimento, pois também tem potencial alergênico, entretanto, afirma ser um bom substituto para as pessoas que não podem ou não querem consumir o leite de vaca. “O importante é ressaltar que por se tratar de um alimento de origem vegetal, a proteína do leite de soja não é completa. Existem outros leites, atualmente, que podem também ser incluídos na alimentação com grandes benefícios como o leite de arroz, o leite de aveia, o leite de oleaginosas. Todos eles terão um teor de cálcio menor, mas acompanhados de uma alimentação equilibrada, podem suprir as necessidades de minerais de um individuo saudável”, aconselha a nutricionista.
Informações nutricionais dos tipos de leite:
• Leite de soja – 100 ml
Kcal: 38 calorias
Proteínas: 3g
Lipídeos: 1,4g
Carboidratos: 3,8g
Cálcio: 36 mg
• Leite de vaca – 100 ml
Kcal: 63 calorias
Proteínas: 3,2g
Carboidratos: 4,8g
Cálcio: 119 mg
• Leite de cabra – 100 ml
Kcal: 65 calorias
Proteínas: 3,4g
Carboidratos: 4,4g
Cálcio: 134 mg