Prof. Saul Sastre
Diretor de Administração e Finanças do Daer
Doutorando em Administração

Conheci um próspero empreendedor que estava empolgado para abrir mais um negócio, agora com roupas e acessórios femininos. Ao contrário da maioria das pessoas, que estão se encolhendo na espreita de notícias melhores para investir, ele está avançando. Digamos que seja uma pessoa diferente, que anda ao contrário do que dizem os prognósticos econômicos escancarados na mídia. Ao contrário, quando todos estavam investindo, ele estava quieto com seus negócios, economizando dinheiro. Em hipótese alguma, melhorou seu padrão de vida, quando viu seu faturamento aumentar. Ao contrário, quando todos gastavam ele fazia caixa e agora, quando muita gente está com dificuldades de manter seus negócios, ele começa um projeto de expansão.

Resolvi perguntar quais suas previsões para o ano de 2016? Segundo ele: “É pessimismo geral. A idiossincrasia dos prognósticos para o incerto ano que vem, vem com a certeza de que continuará ruim. Também pudera, seria muita ingenuidade acreditar que a simples mudança de calendário poderia mudar a realidade árida que estamos vivendo”.

E o que achava da crise política? “Está cada vez mais acirrada, com nossos três principais líderes (presidente do País, Congresso e Senado) sob suspeita ética, o que dificulta a entrada de investidores externos e causa desconfiança e pessimismo interno. Nossos líderes estão mais preocupados em salvar seus cargos do que administrar o país”.

E a crise econômica? “A consultoria econômica 4E traçou dois cenários: Se Dilma sair em 2016, no curto prazo, a economia será pior do que se ela ficar no governo, porém teríamos uma recuperação mais rápida em 2017 e 2018. Caso Dilma permaneça até 2018, tem-se o sentimento de que o governo não irá conseguir cumprir as metas de ajuste fiscal, fundamentais para o controle da dívida e para ganhar confiança do mercado e das pessoas. Os números da economia continuarão ruins, porém tendem a melhorar lentamente até o final de seu governo”.

E na sua opinião, quais as certezas de tudo isso? Diante disso é possível deduzir que o pior dos mundos ficaria na abertura de um processo de Impeachment que fosse fracassado. Podemos nos preparar que 2016 será difícil em qualquer cenário e que independente da velocidade e mudança das coisas, teremos dias melhores até 2018”.

Por fim, perguntei a ele no que se baseava sua estratégia, diante de um cenário tão ruim? “Apesar das dificuldades já elencadas, o mercado tem diversas oportunidades para quem quer investir. Em termos de ponto comercial, nunca se viu tamanha taxa de vacância e ainda com a facilidade de poder regatear aluguéis muito abaixo do preço que eram praticados. Além disso, hoje existe uma oferta considerável de bons profissionais para serem selecionados. Como se não bastasse, a compra de mercadorias e a montagem das lojas, também está facilitada, principalmente para quem tem condições de pagar à vista”.

Como vimos, crise é realmente questão de perigo para alguns e oportunidade para outros. Meu amigo empreendedor começa um plano de expansão agressivo, apostando no desafiador ano de 2016, quando a maioria de nós pretende se encolher para ver o que acontece. Passada a crise, sua rede de lojas estará pronta e aí, quando todos voltarem a ter um pouco mais de fôlego, ele começa novamente seu plano de economia. Vale a reflexão.