Sobreviventes da depressão, do suicídio e dos mais variados transtornos de ordem psicológica viram rede de apoio para jovens que buscam algum tipo de apoio emocional. Uma verdadeira corrente do bem espalhado por todo o Brasil.
Em Cachoeirinha e Gravataí o grupo já possui cerca de 40 voluntários, revezando os compromissos do dia a dia com diversas ações sociais. São palestras em escolas, momentos de escuta em áreas de grande circulação de pessoas, distribuição de cartas com mensagens motivacionais, além de oferecer um canal na internet para a busca de ajuda. A plataforma funciona durante 24 horas e sempre tem alguém de plantão para oferecer uma palavra amiga.
Carla dos Santos Lima, 31 anos, é uma das voluntárias do Help. Ela conheceu o projeto através de uma amiga depois de tomar coragem para relatar os abusos sexuais sofridos na infância. Era depressiva, ansiosa, sofria com a síndrome do pânico e tentara três vezes cometer suicídio. Mas sua vida mudou após assistir as palestras do grupo e quebrar o silêncio. O desabafo rendeu-lhe novas oportunidades.
“Depois que acabou a palestra procurei a voluntária e falei que precisava desabafar. Ela me levou até o Cantinho do Desabafo. Lembro que chorei muito até conseguir falar dos abusos que sofria. Desde aquele momento fui acompanhada por ela durante alguns meses. Foi só aí que eu entendi que não podia deixar o meu passado afetar o meu futuro. Eu precisava seguir em frente”, relata.
Hoje Carla é casada há mais de 10 anos, tem uma filha, trabalha e estuda. Construiu com a ajuda do Help uma história de superação. Como gratidão tornou-se uma voluntária atuante e compartilha a sua história com os jovens durante as abordagens nas escolas.
O coordenador estadual do Help, Leandro dos Reis Souza, 35 anos, conta que ser voluntário está na sua vocação e desde muito cedo aprendeu a driblar os compromissos para ajudar o próximo de alguma maneira. O grupo, conforme ele, é formado na sua grande maioria por jovens sobreviventes de problemas de saúde mental. Eles, então, passaram a compartilhar as suas experiências de superação. Uma ferramenta poderosa de empatia. “A ideia é criar conexões e oportunizar a prática da escuta. Muitas vidas estão sendo salvas desta forma”, completa.
Estratégias diferentes para atingir a todos que precisam
As dinâmicas realizadas nas escolas é uma das principais ações desenvolvidas pelo grupo de voluntários de Cachoeirinha e Gravataí. A agenda é disputada pelas instituições. É o momento para a troca. Após a integração acontece o Cantinho do Desabafo. Quando um dos voluntários conversa com o estudante, garantindo o sigilo da confidencia e a liberdade de fala. Aos que se interessarem pela continuidade da escuta é oferecido um número de WhattsApp para a comunicação.
Esse mesmo número de telefone dá acesso a plataforma do Help que atende pessoas de todo o Brasil para escuta e desabafo. Sempre há um atendente disponível e ainda é possível ser transferido para um voluntário mais próximo de casa. Esse mesmo atendente, se o jovem permitir e quiser, poderá visita-lo ou mesmo manter vínculo afetivo para o seu acompanhamento futuro.
Cartas escritas à mão levam mensagem de autoajuda
Outra abordagem realizada pelo Help é a distribuição de cartas, todas escritas à mão para criar a conexão com o interlocutor. Segundo o coordenador estadual do grupo, a distribuição das cartas acontece, preferencialmente, em locais de grande circulação de pessoas. Elas podem até ser penduradas em árvores, a exemplo do que aconteceu recentemente no Parcão de Cachoeirinha. “A meta é sempre levar uma mensagem motivacional”, confirma Leandro.
Onde encontra o Help
Instagram – @help.fju
Telefone – (011) 4200-0034
Plataforma – “Help – Não te julgo, te ajudo” – https://tawk.to/help.fju