Texto por Rita Trindade | foto divulgação
Apesar da maioria da população brasileira manter uma alimentação nada saudável, um levantamento realizado pela Pesquisa Nacional de Saúde 2013, do IBGE, divulgado em dezembro, mostra que 66,1% dos entrevistados se autoavaliaram com saúde boa ou muito boa, porém o consumo de alimentos positivos para uma dieta saudável está longe de ser o apropriado.
A pesquisa apontou que somente 37,3% dos brasileiros consomem o volume recomendado de hortaliças e frutas (cinco porções diárias). Quase o mesmo percentual de pessoas que consomem frango ou carne com excesso de gordura (37,2%), o que pode levar a doenças como a diabetes e a obesidade e pode ainda causar distúrbios no cérebro.
Porém, os hábitos dos brasileiros não são uniformes. O estudo mostrou a diferença no consumo de alimentos de acordo com região, gênero e instrução. No caso do frango e da carne com excesso de gordura, as mulheres dão uma lição de boa alimentação aos homens. São 28,3% de brasileiras que afirmaram ter tido este consumo contra 47,2%. São também as mulheres que consomem menos leite integral (59,7% delas contra 61,6%, deles) e menos refrigerante (20,5% contra 26,6%).
Já quando o assunto é consumo de doces, as mulheres tomam a dianteira. Foram 22,4% das brasileiras que afirmaram ingerir brigadeiros, balas ou outros produtos do gênero regularmente. Já entre os brasileiros, o percentual cai para 20,9%. São também as mulheres que mais substituem uma refeição por um lanche. São 7,3% delas, contra 5,8%, deles.
A diferenciação entre os sexos é mais expressiva quando se vê a autoavaliação dos entrevistados. Os homens, mais otimistas mesmo com uma dieta não tão saudável, acreditam possuírem uma saúde boa ou muito boa. São 70,3% que se avaliaram desta forma contra 62,4% das mulheres.
Quanto mais novos, mais se consideram saudáveis. Entre os jovens de 18 e 29 anos, foram 81,6% que consideraram sua saúde positiva. Já entre os idosos com mais de 75 anos, somente 39,7% responderam que estão se sentindo bem.
A pesquisa também diferenciou pela cor. Os que se consideram brancos foram os que mais afirmaram ter a saúde boa (70,3%). Os pardos e os pretos possuem percentual parecido, 62,2% e 62%, respectivamente.
Outra diferença considerável se dá na instrução. 84,1% daqueles que completaram o ensino superior se consideraram bem de saúde. Este número cai para 49,2% quando entrevistados brasileiros sem instrução ou com fundamental incompleto.
44% dos homens nunca foram ao urologista
Uma pesquisa feita recentemente com cinco mil homens pela SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) revelou que 44% dos entrevistados nunca foram a uma consulta com um urologista nem fazem exames preventivos. “Isso é o retrato de como a gente [homem] cuida da própria saúde”, analisou o diretor da SBU, Henrique Rodrigues. O levantamento foi feito em seis capitais brasileiras: Rio de Janeiro, Porto Alegre, São Paulo, Recife, Belo Horizonte e Brasília.
A pesquisa mostra que 47% dos homens ouvidos nunca fizeram exames para detectar o câncer de próstata. Apenas 23% fazem o exame anualmente. “Não é uma exclusividade do câncer de próstata. Eu acho que o grande retrato que essa pesquisa traz é que o homem brasileiro cuida mal da própria saúde”, destacou o diretor.
“O que a gente vê é uma falta de preocupação das pessoas em geral com o cuidar da própria saúde. Isso de forma mais abrangente. Não diz respeito somente a cuidar da próstata”, acrescentou Rodrigues. Ele avaliou que, apesar dos dados do levantamento, o preconceito em torno da ida ao urologista, relacionado ao exame de próstata, vem diminuindo.
A pesquisa aponta também que 51% dos entrevistados nunca fizeram exames para aferir os níveis de testosterona (hormônio masculino) no sangue e que somente 37% disseram saber o que é a andropausa, período que tem início por volta dos 50 anos e é caracterizado pela redução dos níveis hormonais.