Prof. Saul Sastre
Diretor de Administração e Finanças do Daer
Doutorando em Administração
Era uma manhã de segunda-feira, quando uma colaboradora me procurou pedindo uma chance de promoção. Ela sabia que uma pessoa da minha equipe havia saído e que estava à procura de substituto e este precisava ter nível superior. O desafio era grande e não poderia errar na contratação. Precisava de alguém que fizesse diferença. Sempre acreditei em valorizar a “prata da casa”, mas também sabia da importância em contratar pessoas de fora para trazer nova energia a equipe. Minha entrevistada estava na empresa há algum tempo e tinha muito orgulho do seu diploma. Naquele momento estava com uma cópia dele nas mãos para me entregar. Sabia que aquele pedaço de papel a fazia pensar ser superior aos colegas que não tinham. Resolvi perguntar porque queria a promoção e ela foi sincera dizendo que precisava do aumento de salário. E no mesmo momento colocou o diploma em cima da mesa. Elogiei o pedaço de papel e comentei do esforço que era para conquistar um igual. Perguntei quais os projetos que havia desenvolvido na sua profissão? Ela comentou do esforço em estudar, sua história de resiliência e tudo que havia passado para chegar até ali. Perguntei novamente e novamente fiquei sem respostas. Antes dela me dar as costas e sair pisando firme levando seu precioso pedaço de papel, agradeci por ter me procurado, mas não era de um diploma que precisava.
Arthur Bender, no livro Personal Branding – construindo sua marca pessoal, fala que “O conhecimento é base igual para todos, mas é a paixão que traz o brilho aos olhos, que vai tirar você do mar da medianidade”. Concordo com ele, por isso arrisco afirmar que graduação é diferencial do século passado.
O canudo abria portas. Quem tinha nível superior, era chamado de doutor e facilmente conseguia emprego e promoção. Os cursos eram escassos, de difícil vestibular, não existiam quotas, eram muito mais caros e dependendo da profissão escolhida, eram em horários quase inacessíveis para quem precisava trabalhar. No século XXI, estão em toda a parte, com vestibulares flexíveis, possibilidades de financiamento público, quotas para minorias, alguns em menores tempos de conclusão, à distância ou presencial e em todos os horários e gostos para quem quiser pagar o preço.
No século XXI, curso superior tornou-se acessível. Não perdeu a importância, mas de abridor de portas e oportunidades, apenas serve para nos credenciar a voos maiores, que nunca seriam alcançados por quem não concluiu.
A palavra chave deste século é resultado e diploma sem resultados é medianidade. Não basta ser formado é preciso ter boas histórias para contar. O diferencial migrou. Está na entrega de projetos de sucesso e resultados conquistados, através de atitudes, brilho no olho e vontade de fazer diferença.