Texto | Denise de Oliveira Milbradt | Fotos | Divulgação
Por todo lado que se olha tem alguém manuseando a tela do celular para conferir as últimas atualizações das suas redes sociais. A partir do advento da internet comunicar-se, ou mesmo divulgar nosso comportamento de modo quase que instantâneo não é nenhum problema. Hoje muitas pessoas tem a necessidade de divulgar onde e o que come, aonde vai ou com quem está o tempo inteiro. Ser feliz é a ordem da vez. Aos olheiros resta atualizar sua timeline ou acompanhar as últimas novidades.
A ‘quase’ obrigatoriedade de estar por dentro de tudo o que está acontecendo no mundo virtual tem provocado nas pessoas novas fobias. Uma delas é conhecida como FoMO, sigla de Fear of Missing Out ou, simplesmente, medo de estar perdendo algo.
A síndrome, descrita pela primeira vez em 2000, é um dos principais sintomas de que alguém está viciado em redes sociais e pode causar desde angústia e mau humor até depressão. Segundo especialistas, o medo é identificado principalmente em jovens e adultos até 34 anos, mas pode afetar pessoas de qualquer idade.
Para diagnosticar uma pessoa com o FoMO é preciso, assim como com outras síndromes, procurar ajuda de um especialista, neste caso um psicólogo. No entanto, alguns sintomas podem ser observados pelo próprio usuário ou pela família e amigos. Ao criar o medo de perder algo no ambiente online o internauta passa a sentir a necessidade de sempre atualizar as redes sociais para ficar ciente do que os outros estão fazendo. Começar a aceitar todas as propostas de eventos e se, no local, não desgrudar os olhos do smartphone, este também pode ser um sintoma. Em muitos casos, indivíduos com FoMO ficam mais distraídos, seja ao conversar pessoalmente com alguém em casa, durante as aulas e em reuniões. Pode também ser ainda mais grave, quando passa a utilizar o celular enquanto dirige para não perder nenhuma novidade e registrar Stories e “snaps” no volante. Ao longo do tempo, a pessoa com o problema passa a apresentar mau humor, ansiedade, estresse, tédio e solidão. Em casos intensos, o medo pode causar depressão.
Identificando e tratando o vício
A síndrome é um dos principais sintomas de quem já está viciado em redes sociais. De acordo com estudos psiquiátricos, essa angústia social – comum entre os já identificados com a FoMO – é causada principalmente porque a relação dos usuários com a tecnologia ainda é muito nova e imatura. Outro fator que colabora com o aumento de pessoas com a síndrome é a imposição da mídia com slogans do tipo “você não pode perder”!
O diagnóstico deve ser feito a partir de uma consulta com profissionais, mas é possível identificar alguns sintomas como distração excessiva, a pessoa não consegue ficar sem olhar as redes sociais em um curto período de tempo e presença online ser maior do que na vida off-line. O tratamento é feito com o acompanhamento psicológico, mas para quem quer começar a se auto policiar, uma das alternativas dadas por especialistas é baixar um aplicativo que mostre quanto tempo você está utilizando as redes sociais no smartphone. Com a comparação de tempo, muitos pacientes começam a usar menos as redes sociais. E é sempre bom lembrar que está tudo bem em perder alguma coisa que está acontecendo na internet.
Geração Milennial – Estudos realizados sobre o assunto indicam que o vício em redes sociais não é um problema exclusivo de adolescentes. Segundo pesquisas nos Estados Unidos e no Reino Unido, as principais vítimas do Fear of Missing Out são jovens e adultos de 18 a 34 anos, faixa etária identificada como “geração Millennial”. Os dados demonstram que a síndrome não interfere apenas na vida pessoal do usuário, mas também coloca questões como a carreira e a vida profissional em risco. Além disso, as análises sobre o tema indicam que os homens “hiper conectados” são mais propensos a apresentarem os sintomas de FoMO.
Instagram – Um estudo recentemente batizado de “Status of Mind” (estado da mente, em português) revelou que o Instagram é o pior aplicativo quando se trata de saúde mental. A pesquisa analisou as reações aos posts de Facebook, YouTube, Twitter, Snapchat e Instagram e teve como resultado que o app de fotos e vídeos provoca ansiedade, depressão, má qualidade do sono e insatisfação com o próprio corpo — alguns dos sintomas do caráter viciante do FoMO.
Desafio: que tal tentar se desconectar?
• Delimite tempo para acessar as redes sociais – Você já parou para pensar no tempo que perde olhando o feed do Instagram? E as atualizações do Facebook? Já contou quanto tempo fica no Twitter? A dica é definir um tempo máximo por dia que você ficará nas redes sociais. Escolha o melhor horário, acesse o tempo delimitado por você e depois feche o aplicativo. Abra novamente só no dia seguinte.
• Escolha um dia para não mexer nas redes sociais – Pode parecer difícil no início, mas depois é libertador. Existe vida fora do Facebook e do Instagram, mas se for muito complicado, comece ficando uma noite sem acessar ou talvez o sábado pela manhã. Comece devagar e aumente o tempo off-line aos poucos.