Texto por Denise de Oliveira Milbradt | Fotos Divulgação
Começa com um pequeno desconforto muscular. Aos poucos nota que a dor nos ombros e nas articulações tornou-se constante, já não dorme bem há meses. O cansaço é constante e a falta de concentração dificulta a realização das atividades mais simples do dia a dia. Estes são alguns dos sintomas de uma síndrome crônica, conhecida como fibromialgia. Ela está diretamente ligada à fadiga, distúrbios do sono, dores de cabeça, depressão e ansiedade. Pesquisadores acreditam que é causada por um descontrole na forma como o cérebro processa os sinais de dor.
As causas ainda são desconhecidas, mas existem vários fatores que estão associados a esta síndrome. O fator genético, por exemplo, pode ser decisivo, já que costuma acometer vários membros da mesma família. Infecções por vírus e doenças autoimunes também podem estar envolvidas nas causas da fibromialgia. Pessoas que sofrem distúrbio do sono, sedentárias, depressivas e ansiosas também estão mais suscetíveis.
Quem não entra neste perfil, contudo, poderá entrar no grupo de risco e facilitar o surgimento de fibromialgia se estiver com problemas para dormir por um longo tempo. Além disso, estudos recentes comprovaram que mulheres entre 20 e 50 anos estão mais propensas a adquirir a síndrome em alguma fase da vida.
Segundo o reumatologista Henrique Staub, quem tem fibromialgia pode ter desencadeado 18 pontos de dores pelo corpo, que são chamados pontos de gatilho. Eles são detectados a partir de um exame clínico feito pelo médico no consultório. “Um dos critérios é sentir dor por, pelo menos, três meses”, explica.
O especialista defende um tratamento a base de remédios, mas acredita que a mudança de hábitos é mais eficaz. “As pessoas que tem boa adesão a programas de atividade física terão chanches muito maiores de parar o remédio no futuro”, frisa.
O tratamento da fibromialgia exige cuidados multidisciplinares, como o uso de analgésicos e anti-inflamatórios associados a antidepressivos tricíclicos. Paralelo, recomenda-se a prática de atividade física regular, acompanhamento psicológico e emocional e até massagens e acupuntura.
A fibromialgia é uma síndrome de longa duração com flutuações frequentes na intensidade da dor. Seguindo o tratamento corretamente e tomando os devidos cuidados dentro de casa, os sintomas tendem a melhorar. Mais importante ainda: com os devidos cuidados, a pessoa com fibromialgia não perde sua capacidade funcional.
Musicoterapia pode aliviar sintomas
Pesquisadores da Universidade de Granada, Espanha, provaram que musicoterapia, quando combinada a outras técnicas de relaxamento, reduz significantemente dor, depressão e ansiedade e melhora o sono entre portadores de fibromialgia. O estudo teve 60 pacientes que foram escolhidos aleatoriamente e divididos em dois grupos. Durante quatro semanas foram aplicadas em um dos grupos uma técnica de relaxamento com imagens e musicoterapia, em uma série de sessões conduzidas por um pesquisador.
Esse grupo de pacientes recebeu um CD para ouvir em casa. Em seguida, os pesquisadores mediram uma série de variáveis associadas aos principais sintomas da fibromialgia, como a intensidade da dor, qualidade de vida, o impacto da doença na vida diária do paciente, distúrbios do sono, ansiedade, depressão e bem-estar. Enquanto o grupo que não foi submetido à terapia não relatou mudanças na dor, o outro grupo, que passou pela musicoterapia, teve redução significativa de dor e depressão depois das quatro semanas de tratamento.
Os estudiosos acreditam que existem ferramentas – como a arte de relaxamento, com imaginação guiada e musicoterapia receptiva – que são, efetivamente, eficientes no tratamento dos sintomas dessa doença. O baixo custo, fácil implementação e o fato de que os pacientes podem se envolver em seu tratamento em casa são algumas das vantagens dessa técnica. O próximo passo do estudo é descobrir outras variáveis fisiológicas associadas ao bem-estar gerado por essas duas técnicas e o impacto da participação dos pacientes em seu próprio tratamento.
Exercício físico é parte do tratamento
A fibromialgia é uma síndrome que aumenta a sensibilidade à dor – é como se o paciente tivesse mais nervos mandando informação de dor para o cérebro. Muita gente acredita que não conseguirá se exercitar por causa da dor, mas isso é um mito. Isso porque, ao fazer exercícios, o condicionamento físico aumenta, o que pode diminuir a sensibilidade à dor; além disso, a atividade física tira o foco da dor já que os nervos estão ocupados em transmitir as informações relacionadas ao exercício. Geralmente, os movimentos aeróbicos leves são os que mais dão resultado, mas não são todos os pacientes que podem fazer – é preciso, portanto, respeitar a capacidade e o limite de cada um e fazer exercício sempre com orientação, aconselham os especialistas.
A técnica do Pilates também se mostrou uma alternativa ao promover o relaxamento nos locais de dor, bem como uma melhora dos sintomas e da qualidade de vida. Além de promover melhor condicionamento cardiovascular, atua sobre o sistema musculoesquelético, ou seja, favorece a mobilidade de grupos musculares que se encontram em contração prolongada.
Recomendações
•Tome medicamentos que ajudem a combater os sintomas;
•Evite carregar pesos;
•Fuja de situações que aumentem o nível de estresse;
•Elimine tudo o que possa perturbar seu sono como luz, barulho, colchão incômodo, temperatura desagradável;
•Procure posições confortáveis quando for permanecer sentado por muito tempo;
•Mantenha um programa regular de exercícios físicos;
•Considere a possibilidade de buscar ajuda psicológica.