As opressões sofridas pelas mulheres no cotidiano foi o centro do debate do “Feminismo para Principiantes”, realizado no dia 28 de julho, na sede da Associação de Moradores do Bairro Carlos Wilkens, na parada 47 de Cachoeirinha. O evento foi promovido pela OAB Subseção Cachoeirinha e Ponto de Leitura Sol e Lua.
O público formado por mulheres e homens de todas as idades participou o tempo inteiro da atividade, relatando suas experiências e opiniões. A intenção de Carla Sanchez Zanchetta, militante feminista e facilitadora do evento, foi de realizar um bate-papo informal com os participantes. A presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB Subseção Cachoeirinha, Rochele Silva, foi responsável por apresentar Carla ao público e no decorrer da conversa também contribuiu para o debate.
Para a jovem Renata Borges, o encontro cumpriu o papel de ouvir o outro, ouvir as mulheres, e se construiu sem ofensas, muito diferente do que acontece na internet. “Para entender uma opressão que a mulher sofre é importante darmos voz a elas, a nós. E o evento misto foi muito importante para mostrarmos o que incomoda e o porquê determinada postura legitima o machismo e a cultura do estupro”, conta Renata.
Logo no inicio foi mostrado uma imagem onde a mulher estava sentada enquanto o homem cozinhava com seu filho no colo. Parte do público confessou ter reagido com estranheza e desconforto à charge, afinal “o normal era de que a mulher estivesse cuidando do filho e cozinhando, não o homem”, relataram. Provocações como essa foram feitas a todo momento, e na sequência o diálogo dava conta de desconstruir esses padrões de normalidade e combater o enraizado machismo em nossa sociedade.
Em meio ao debate sobre os padrões sociais do masculino e feminino, uma mulher relatou estar à procura de um fogão de brinquedo em cor “neutra” para seu filho brincar, pois acha importante que o menino desde pequeno esteja acostumado a fazer tarefas domésticas. Na própria fala, a mãe se deu conta de que mesmo com um pensamento progressista, se comparado à sociedade em geral, de entregar a seu filho um brinquedo considerado “feminino”, ainda se preocupa inconscientemente com a cor do brinquedo, outro pré-conceito.
Uma das partes do debate mais impactante foi quando diversas capas de revistas femininas e masculinas foram comparadas. Em uma, via-se a objetificação do corpo da mulher, padrões de beleza, dicas de sexo para satisfazer o marido, culinária, beleza e cuidado com os filhos. Em outra, o que mais aparecia era o mundo dos negócios, empreendedorismo e futebol.
Nas opiniões expostas ficou nítida a cobrança social atribuída às mulheres. “Estamos caminhando em busca da evolução no sentido da superação cultural que leva a sociedade ao machismo, até inconsciente, mas é um caminho bem árduo e ainda temos muito a construir nesse sentido”, acredita Rochele.