Texto por Rita Trindade| Fotos Divulgação
O Brasil está prestes a sediar mais um grande evento esportivo – os Jogos Olímpicos de 2016. Para garantir a infraestrutura necessária, o País precisa dispor de um alto investimento em infraestrutura, mobilidade urbana, turismo, arenas para a prática de esportes individuais e coletivos, além de alojamento, etc. Como aconteceu na Copa este ano, provavelmente, mesmo que com falhas, o país conseguirá promover mais este evento. Mas a pergunta que não quer calar é a seguinte: Quantos atletas representarão o Brasil nas Olimpíadas? Quantos terão chances reais de medalhas? A resposta é simples: muito poucos. O Brasil não tem a cultura de investir nas bases, em esportes individuais, prova disso é que quando se fala de esporte, o que domina as rodas é o futebol. Embora o vôlei também venha ganhando cada vez mais espaço.
Nas Olimpíadas de Londres em 2012 o País ficou em 22º lugar, trouxe 17 medalhas, sendo 9 de bronze, 5 de prata e 3 de ouro. Já os Estados Unidos ficou em 1º e levou 104 medalhas, 29 de bronze, 29 de prata e 46 de ouro. Esse resultado mostra claramente a situação do esporte no País. Fica evidente que a maioria das modalidades esportivas não recebem o devido investimento. Logo, não conseguem formar atletas de alto índice, que por consequência não chegam às olimpíadas. Ou se chegam, não estão no nível dos adversários.
O esporte é um meio de transformação, de recuperação e tem que ser usado no processo mais importante, que é a ação de educação das crianças e jovens. O esporte nas escolas deve ser exigido, fiscalizado e subsidiado para que crianças e jovens tenham a oportunidade de mostrarem seu talento e, assim, seguirem em um processo de formação para as modalidades esportivas.
Apesar dos governos não darem o devido incentivo para o esporte nas escolas e para atletas em formação, muitos educadores e esportistas conseguem superar a falta de investimento com criatividade e empenho. Confira a seguir exemplos de quem leva o esporte a sério e se dedica integralmente a causa.
Uma escola que respira esporte
A escola Técnica Estadual Marechal Mascarenhas de Moraes dá exemplo de como dedicação, união e criatividade podem vencer a falta de estrutura e investimento. Como a maioria das escolas públicas do País, o Mascarenhas, chamado carinhosamente pelos alunos de Masca, não recebe o devido apoio e incentivo dos governos, mas isso não desanima os professores e muito menos os alunos.
Este ano, nos jogos escolares de Cachoeirinha, a escola foi a grande campeã da classificação geral, somando 346 pontos. A escola surpreendeu e ficou em 1º lugar em várias modalidades, como: futebol mirim, salto em altura infantil feminino e masculino, revezamento infantil masculino, corrida de três mil metros juvenil feminino, basquete mirim masculino e feminino, infantil feminino e juvenil feminino, handball mirim feminino e infantil feminino, vôlei mirim, infantil masculino e infantil feminino, tênis de mesa infantil feminino, futsal mirim masculino e feminino e xadrez mirim e juvenil masculino e feminino.
Já em agosto, na cidade de Marau, a escola participou das finais dos Jogos Escolares do Rio Grande do Sul (Jergs) nas modalidades de futsal e basquete, nas categorias infantil masculino e feminino. A escola que já era campeã dos Jogos Escolares de Cachoeirinha conquistou o 3º lugar no basquete infantil feminino na competição estadual. As disputas contaram com 380 alunos distribuídos em 24 equipes. Foram quatro fases, 17 jogos, 15 vitórias e somente duas derrotas. Para o professor de Educação Física da escola, Leandro Sampaio, essa conquista é um feito histórico e digno de muito orgulho. “Estou muito feliz com o resultado, apenas lamento não ter tido mais tempo para treinar e me focar nas equipes. O mérito é todo das meninas que superaram suas limitações técnicas e físicas e deram o seu melhor”, comemora. O professor continua. “Mesmo com o pouco investimento que recebemos, os alunos chegam muito longe, pois todos têm grande potencial. Só posso agradecer ao empenho e dedicação dos alunos e ao apoio do diretor da escola, Anes Meyer Bandeira e dos pais e responsáveis pelos nossos alunos”, finaliza.
Os Jergs têm etapas regionais, inter-regionais e a estadual. Os jogos municipais, como os de Cachoeirinha, são preparatórios além de ser um incentivo para as escolas participarem do estadual. Os professores responsáveis pela participação da escola nos Jergs são Leandro Sampaio da Silva e Marco Aurélio Macedo. A escola conta ainda com mais três professores de Educação Física: Alexandre Reis, Elisiane Choynowski e Ângela Telesca.
Uma pequena de grandes conquistas
A jovem atleta Natalia Sanson de Borba Oliveira, com apenas 11 anos, já está marcando seu espaço no esporte. Natália estuda no Colégio Inedi, em Cachoeirinha e sua modalidade é o Judô. A atleta já participou de aproximadamente 32 competições, com cerca de 60 vitórias e 14 derrotas. O judô é o primeiro esporte que Natália pratica. Mas para melhorar seu desempenho no chão a atleta já fez também Jiu Jitsu. Sobre a paixão pela atividade, Natália conta que ainda bem pequena já gostava de brincar de luta com seu pai. “Sempre adorei brincadeiras de lutas, até que um sábado de manhã meu pai e eu fomos pesquisar alguma academia que tivesse algum tipo de luta, então encontramos a Judô Clube. Fomos visitar a academia e no outro dia eu já fui treinar, desde então não parei mais”, afirma.
Natália começou a competir em 2012. Sua primeira competição foi na Copa Integração em Porto Alegre. A jovem conta com o apoio e incentivo da família e amigos. “Todo mundo me apoia muito, meus colegas e professores sempre me apoiaram, até mesmo quando eu perdia as lutas. Minha escola também me ajuda a recuperar as provas e matérias, pois devido as competições serem fora do estado eu falto em muitas aulas. Meu curso de inglês também é bem flexível. Mas com certeza a pessoa que mais me incentiva é meu pai”, revela.
Para a atleta, o esporte não tem o devido reconhecimento/investimento que deveria. “Na minha opinião o Judô não tem tanto reconhecimento como o futebol por exemplo, tanto que para ver as competições internacionais de Judô tenho que ver na TV paga, pois não passam na TV aberta. E o Judô é um esporte muito caro com as inscrições, viagens, hospedagens. Só nas competições de sênior, o prêmio em dinheiro para o campeão é cerca de US$ 3 mil, o que acho muito pouco perto do que se ganha em outros esportes”, compara.
Natália é uma jovem cheia de sonhos e está começando a trilhar uma carreira de muito sucesso e ótimo desempenho. Sobre seu maior sonho, a atleta revela. “Meu grande sonho é ganhar uma Olimpíada no Japão. Seria tão emocionante”, idealiza.